quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

PERU SEARA – AÍ, SIM, É NATAL!


Por: Jease Costa

É com essa frase que termina a propaganda do Peru de Natal Seara, com a simpática culinarista Dona Palmirinha Onofre. Bem, pra quem gosta de peru, a propaganda realmente deixa a água escorrer na boca. Mas, a despeito disso, a chamada estimula a uma boa reflexão: O que faz o Natal ser, realmente, Natal?

Essa reflexão não é nova, e muito já se tem falado a respeito do verdadeiro sentido do Natal. Mas há algo ainda não muito explorado na reflexão crítica sobre forma consumista que o Natal é pensado e vivido em nosso mundo cristão, que é o alastramento das carências humanas. Ou seja, não é apenas a idéia de que não há Natal sem um peru assado sobre a mesa, mas também o sentimento de que somos incompletos sem ele. O sentimento não é só que o Natal não é Natal se não houver peru, presentes ou roupas novas, mas que nós também não somos nós. E, assim, o Natal de nossa sociedade consumista nos torna reféns dele mesmo, de nossas carências e de seu sentido deturpado.

É exatamente aí que se revela uma de suas maiores distorções, uma vez que Jesus, esse, sim, que não pode faltar no pensamento natalino, veio para fazer justamente o oposto. Ele veio para suprir carências, e, não, alastrá-las. Na verdade, quem tem Jesus encontra plenitude de alma mesmo que lhe faltem coisas até mesmo necessárias, uma vez que sua presença enche a vida de significado. O evangelista João diz que “nele estava a vida” (1.4). Se nele estava a vida, quem o tem também a tem.

Então, é uma questão de escolha sobre o que realmente importa. Ou você escolhe o Peru Seara e, embora de estômago cheio, continue de alma vazia, ou escolhe Jesus, e, mesmo se não for possível ter um suculento peru em sua noite natalina, terá garantida sua alma plena.

Eu desejo que sua mesa esteja farta. Mas isso não é o mais importante. O importante mesmo é ter Jesus. Aí, sim, é Natal!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

CULTOS NA CASA DO TRAFICANTE


Por Isaltino Gomes Coelho Filho

No boletim da PIB de Vila Formosa, de Sampa, vi a notícia, tirada da Internet, que  Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na Rocinha, fazia cultos em sua casa. Ele disse: “Não vou para o inferno. Leio a Bíblia sempre, e faço cultos em minha casa, chamo pastores”.

Não sei o que pregaram em sua casa. Tampouco que textos bíblicos lhe deram para ler. Sobre bênção? Prosperidade? Não sei, mas o evangelho é que não. O evangelho chama ao arrependimento e mudança de vida (Mt 3.2, 4.17 e At 2.38). Mas, para muita gente, se cantou algum corinho, falou alguma coisa sobre Deus, fez alguma oração, se pregou o evangelho. O que pregaram na casa do Nem para ele dizer que vai para o céu porque faz cultos e chama pastores? Desde quando pastor ou culto salvam alguém? O problema é que muita igreja não fala de salvação, nem de céu ou inferno, apenas de prosperidade, saúde e vida feliz. Pregam bênçãos e não Jesus Cristo, o Salvador. Elas são o mel, não o sal de terra. Adoçam a boca do mundo, para atrair clientes.

Quando Steve Jobs morreu, alguns evangélicos se zangaram porque alguém disse que partiu sem Cristo. Veio o coro já gasto: “Não julgueis”, de gente que se esquece que a Bíblia sinaliza bem e que Jesus disse para julgar: “Não julgueis pela aparência mas julgai segundo o reto juízo” (Jo 5.24). Jobs era budista. O budismo é uma religião atéia e ele mesmo pediu que não se fizesse nenhuma cerimônia religiosa. Era paparicado pelos internautas, e estes o colocaram num céu que ele não cria nem queria. Mas Nem era o homem do dinheiro e do poder. Talvez fosse paparicado por igrejas e pastores. O dinheiro tem tomado o lugar de Jesus, em muita pregação.

A questão não é Nem ou Jobs, mas o que se prega como sendo o evangelho. Há uma feroz competição por público e isto cria uma preocupação em alguns de fidelizar clientes, dando-lhes o que eles querem. Um dos líderes do movimento de mega-igrejas, indagado da razão de tanta gente em seus cultos, disse: “Nós damos ao povo o que o povo quer”. Mas o evangelho não é dar ao povo o que ele quer, e sim o que Deus quer.

As pessoas precisam conhecer o amor de Deus mostrado na cruz. Precisam admitir que são pecadoras, estão longe de Deus, que sua vida não o agrada, e devem se arrepender e crer em Jesus. O evangelho não é auto-ajuda, e o Deus Santo não é o bonachão Papai Noel. Não se pode distorcer o evangelho ou amaciá-lo para atrair clientes.

A declaração de Nem é errada. Igrejas e pastores não são culpados por ela. Mas ela mostra que não lhe pregaram o evangelho. Continuou traficante e acha que se salvará porque faz cultos e recebe pastores. Ele não ouviu o evangelho.