Por: Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Mateus 27.1-2
INTRODUÇÃO
Pôncio Pilatos, que figura! “Pôncio” significa “pertencente ao mar”. “Pilatos” é um apelido, derivado de “pilus” (dardo). Presume-se que recebeu dos militares por ter sido exímio lançador de dardos. Mas era uma forma de designar uma pessoa explosiva (“lançar dardos”). A história mostra que era um homem violento. No ano 25 foi designado como o quinto procurador da Judéia. Ficou até o ano 36. Levou a esposa consigo (Mt 27.19). Entrou para a história como um péssimo administrador. Espiritualmente, seu desastre foi pior. Vejamos.
1. UMA SÍNTESE DE UMA VIDA ARRUINADA
Comandava o exército de ocupação: 120 homens de cavalaria e cinco coortes (cerca de 5.000 homens de infantaria). Tinha poderes de vida e morte, podia reverter sentenças decretadas pelo sinédrio (que tinha que submeter suas decisões a ele), nomeava sacerdotes, controlava o templo e suas finanças. Colocou imagens do imperador em Jerusalém, o que provocou uma revolta tão grande dos judeus que teve que tirá-las. Usou o dinheiro do templo para construir um aqueduto que trazia água de uma fonte a 40 km de distância. Os judeus se revoltaram e ele lançou as tropas contra eles. Esta revolta foi comanda pelos galileus, e Pilatos misturou o sangue deles com o sangue dos sacrifícios do templo (Lc 13.1-2). Na construção do aqueduto, caiu a torre do Siloé sobre alguns judeus e os matou (Lc 13.4). Depois do caso Jesus, matou um grande número de samaritanos que seguiam um falso messias e se reuniam no monte Gerizim. O impacto foi enorme e teve que voltar a Roma para responder a julgamento. Suicidou-se no reinado de Gaio, no ano 41.
2. UMA VIDA COM POSSIBILIDADES DIANTE DE CRISTO
Recebeu uma admoestação da esposa sobre Cristo (Mt 27.19). Mas sua abordagem ao problema chamado Jesus é curta e grossa: Jo 18.29. Tenta ignorá-lo: Jo 18.31. O diálogo é impressionante pela falta de interesse de aprender alguma coisa. No v. 38 faz a pergunta mais importante que um homem pode fazer, mas não esperou a resposta. Tentou inocentar a Jesus (Jo 19.1-5). Teve medo (v. 8). A postura de Jesus diante da situação o impressionou (vv. 10 e 12). Parece que tentou remediar a situação: vv. 19-22. O que quis, realmente, dizer?
3. UMA VIDA TENTANDO SE EXIMIR DIANTE DE CRISTO
Lavou suas mãos ao entregar Jesus aos judeus (Mt 27.24). Conhecia o judaísmo e sabia o que isto significava: Deuteronômio 21.6-7. Mas a morte de Jesus teve autores conhecidos, e este ato legal não se aplicava a ele. Uma lição: ninguém pode lavar as mãos diante de Jesus e dizer que não tem nada a ver com isso. Jesus é um desafio que diz respeito a todas as pessoas.
CONCLUSÃO
“Como Pilatos no credo” Usa-se esta expressão para se referir a alguém que recebe culpa sem a ter. Porque o Credo dos apóstolos diz, sobre Jesus: “Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos”. Mas ele não foi inocente. Era o homem que podia inocentar a Jesus. Mas foi covarde. Entrou para a história como um desastrado político. Mas muitos políticos são assim. O pior é que foi um desastre com a sua vida. Que advertência! Usemos bem a nossa, e não nos envergonhemos ou temamos posicionar-nos por Cristo. Ele não aceita que lavemos nossas mãos.
Este blog destina-se a oferecer um ponto de vista do cotidiano à luz dos valores do Reino de Deus
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
sábado, 25 de dezembro de 2010
UM NATAL DIFERENTE
Por: Tarcísio Farias Guimarães,
(Pastor da Primeira Igreja Batista em Divinópolis/MG)
O Evangelho de Mateus apresenta com vivacidade a disposição de uns magos do Oriente por encontrar o Cristo de Deus entre os judeus, há aproximadamente dois milênios. Eles perguntaram abertamente: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos a adorá-lo” (Mateus 2.2). Todavia, o cruel Herodes, temendo ser o cumprimento da profecia messiânica o encerramento da sua carreira política, planejou matar o menino procurado (Mateus 2.3, 16), tentando conquistar a simpatia dos magos e declarando falsamente que queria conhecer o menino para prestar-lhe adoração (Mateus 2.7, 8).
Em nossos dias, muitos agem à semelhança do rei Herodes. Declaram adoração ao Messias, mas, na verdade, não estão interessados nos planos de Deus ou na satisfação de Jesus Cristo, razão da celebração natalina. Precisam urgentemente pensar numa celebração diferente daquilo que praticam irrefletidamente e, quem sabe de modo inédito, prestar verdadeira adoração a Deus, o amado Pai, que se encarnou na pessoa real e histórica de Jesus, para habitar entre os homens e chamá-los de volta aos planos amorosos desse mesmo Deus.
É preciso celebrarmos um Natal com referenciais bíblicos, cuja apresentação seja a recordação das profecias que anunciam o Salvador e da vida de Jesus, para que muitos compreendam o nascimento do menino judeu como parte da providência de Deus, em favor de pecadores incapazes de resolver sua própria angústia, diferentemente do Natal esvaziado de conteúdo cristão e em nada vinculado às Escrituras na sua celebração hodierna.
É urgente celebrarmos um Natal cheio da presença transformadora de Cristo, que não tolera vícios e demais exageros tão comuns nesta época, afinal, se alguém celebra o surgimento da Luz que dissipa trevas (Isaías 9.2), sua vida precisa suplantar em muito a luminosidade das luzes que vemos nas decorações natalinas.
É indispensável aos cristãos celebrar um Natal sem tons comerciais, que tem sido elaborado e propagado tão somente para dar suporte ao consumismo desenfreado, conseqüentemente levando muitos às dívidas e à troca de satisfação espiritual por aquisição de bens. Neste Natal diferente não será preciso comprar roupa nova, mas vestir-se da novidade de vida que há em Cristo Jesus (Colossenses 3.10).
É necessário em nossos dias celebrarmos um Natal que não seja um evento, um feriado oficial, uma data apenas no mês de dezembro, mas que, ao utilizarmo-nos desta data em que tantos estão abertos à história natalina, convidemos estas pessoas a andarem com Deus dia a dia e com Ele construírem um relacionamento saudável para todos os meses do ano.
É tempo de celebrarmos um Natal comprometido com a proclamação do Evangelho, que não apenas promova beleza musical e entretenimento, mas que confronte os homens com o imperativo do arrependimento e da fé em Cristo. Um Natal que não seja celebrado apenas para confraternização entre os homens, mas principalmente destes com Deus, o mesmo Deus que um dia nos julgará com justiça e lembrará da sua graça manifesta em Jesus, oferta viva para salvar pecadores e fazê-los diferentes do homem egoísta e sem Deus sobejamente celebrado em nossos dias.
Feliz Natal diferente com Cristo!
(Pastor da Primeira Igreja Batista em Divinópolis/MG)
O Evangelho de Mateus apresenta com vivacidade a disposição de uns magos do Oriente por encontrar o Cristo de Deus entre os judeus, há aproximadamente dois milênios. Eles perguntaram abertamente: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos a adorá-lo” (Mateus 2.2). Todavia, o cruel Herodes, temendo ser o cumprimento da profecia messiânica o encerramento da sua carreira política, planejou matar o menino procurado (Mateus 2.3, 16), tentando conquistar a simpatia dos magos e declarando falsamente que queria conhecer o menino para prestar-lhe adoração (Mateus 2.7, 8).
Em nossos dias, muitos agem à semelhança do rei Herodes. Declaram adoração ao Messias, mas, na verdade, não estão interessados nos planos de Deus ou na satisfação de Jesus Cristo, razão da celebração natalina. Precisam urgentemente pensar numa celebração diferente daquilo que praticam irrefletidamente e, quem sabe de modo inédito, prestar verdadeira adoração a Deus, o amado Pai, que se encarnou na pessoa real e histórica de Jesus, para habitar entre os homens e chamá-los de volta aos planos amorosos desse mesmo Deus.
É preciso celebrarmos um Natal com referenciais bíblicos, cuja apresentação seja a recordação das profecias que anunciam o Salvador e da vida de Jesus, para que muitos compreendam o nascimento do menino judeu como parte da providência de Deus, em favor de pecadores incapazes de resolver sua própria angústia, diferentemente do Natal esvaziado de conteúdo cristão e em nada vinculado às Escrituras na sua celebração hodierna.
É urgente celebrarmos um Natal cheio da presença transformadora de Cristo, que não tolera vícios e demais exageros tão comuns nesta época, afinal, se alguém celebra o surgimento da Luz que dissipa trevas (Isaías 9.2), sua vida precisa suplantar em muito a luminosidade das luzes que vemos nas decorações natalinas.
É indispensável aos cristãos celebrar um Natal sem tons comerciais, que tem sido elaborado e propagado tão somente para dar suporte ao consumismo desenfreado, conseqüentemente levando muitos às dívidas e à troca de satisfação espiritual por aquisição de bens. Neste Natal diferente não será preciso comprar roupa nova, mas vestir-se da novidade de vida que há em Cristo Jesus (Colossenses 3.10).
É necessário em nossos dias celebrarmos um Natal que não seja um evento, um feriado oficial, uma data apenas no mês de dezembro, mas que, ao utilizarmo-nos desta data em que tantos estão abertos à história natalina, convidemos estas pessoas a andarem com Deus dia a dia e com Ele construírem um relacionamento saudável para todos os meses do ano.
É tempo de celebrarmos um Natal comprometido com a proclamação do Evangelho, que não apenas promova beleza musical e entretenimento, mas que confronte os homens com o imperativo do arrependimento e da fé em Cristo. Um Natal que não seja celebrado apenas para confraternização entre os homens, mas principalmente destes com Deus, o mesmo Deus que um dia nos julgará com justiça e lembrará da sua graça manifesta em Jesus, oferta viva para salvar pecadores e fazê-los diferentes do homem egoísta e sem Deus sobejamente celebrado em nossos dias.
Feliz Natal diferente com Cristo!
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
A necessidade de um retorno à Pessoa de Cristo
Por Jease Costa
Colossenses 2.1-15
“pra que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus – Cristo” (v.2).
Ninguém pode conhecer a Deus se ele não se der a conhecer. Assim, tudo o que envolve a sua Pessoa é um grande mistério. Nesse sentido, Cristo é o maior dos mistérios que envolvem a Pessoa de Deus, pois nele estão escondidas as riquezas do seu amor, do seu plano de redenção do homem moralmente caído e do poder para o aperfeiçoamento do nosso caráter e do ajustamento de nossa vida ao seu padrão. Paulo sabia que sem o conhecimento de Cristo não há crescimento espiritual nem poder para agradar ao Autor da vida. Sabia, também, quão perniciosos são a adesão a uma espiritualidade comprometida com a conveniência e a fé que, ao invés de nos aproximar de Deus com espírito servil, nos induz a uma postura de manipulação de seus atos. E, justamente por isso, ele fala do seu esforço e empenho pelos colossenses em “proclamar [a Cristo], advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria” (1:28). Assim, quando ele diz que está lutando por eles, é esse o sentido de sua luta: revelar a eles o mistério de Deus, que é Cristo, combatendo as falsas doutrinas que prejudicam a fé.
Algumas das características negativas de alguns crentes hoje é a fragilidade da fé e a falta de uma espiritualidade madura, robusta e enriquecedora, o que impede o crescimento e o aperfeiçoamento na relação com Deus, bem como o bom desenvolvimento do ministério cristão. Há muitos crentes fracos que não têm condições de se manter em pé diante de Deus e de resistir as setas malignas contra suas vidas. Então, o que se pode concluir é que a razão disso é justamente a falta de um conhecimento mais profundo da pessoa de Cristo, o mistério de Deus. É preciso, portanto, estarmos unidos a Cristo, completamente absorvidos por sua pessoa, buscando a manutenção de uma relação cada vez mais íntima com ele, a fim de sermos fortalecidos com seu poder para vivermos a vida que ele preparou para nós e termos recursos adequados para combatermos o mal.
A única forma, portanto, de a igreja hoje ter uma presença que deixe as marcas de Cristo no mundo é a partir de uma volta irrevogável à pessoa de Jesus. Urge a necessidade de cristãos desse calibre, que estejam dispostos, a partir de um retorno à pessoa de Cristo, fazendo dele Senhor absoluto de suas vidas, a abrirem mão de si mesmos, de seus planos pessoais e de seus sonhos, quando estes não forem conformes à vontade dele. Homens e mulheres grandes o suficientes para se dobrarem ao seu domínio e, a partir disso, terem condições de exalar pelo ar da história o bom perfume de Cristo.
Que ele encontre essa pessoa em mim e em você!
Colossenses 2.1-15
“pra que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus – Cristo” (v.2).
Ninguém pode conhecer a Deus se ele não se der a conhecer. Assim, tudo o que envolve a sua Pessoa é um grande mistério. Nesse sentido, Cristo é o maior dos mistérios que envolvem a Pessoa de Deus, pois nele estão escondidas as riquezas do seu amor, do seu plano de redenção do homem moralmente caído e do poder para o aperfeiçoamento do nosso caráter e do ajustamento de nossa vida ao seu padrão. Paulo sabia que sem o conhecimento de Cristo não há crescimento espiritual nem poder para agradar ao Autor da vida. Sabia, também, quão perniciosos são a adesão a uma espiritualidade comprometida com a conveniência e a fé que, ao invés de nos aproximar de Deus com espírito servil, nos induz a uma postura de manipulação de seus atos. E, justamente por isso, ele fala do seu esforço e empenho pelos colossenses em “proclamar [a Cristo], advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria” (1:28). Assim, quando ele diz que está lutando por eles, é esse o sentido de sua luta: revelar a eles o mistério de Deus, que é Cristo, combatendo as falsas doutrinas que prejudicam a fé.
Algumas das características negativas de alguns crentes hoje é a fragilidade da fé e a falta de uma espiritualidade madura, robusta e enriquecedora, o que impede o crescimento e o aperfeiçoamento na relação com Deus, bem como o bom desenvolvimento do ministério cristão. Há muitos crentes fracos que não têm condições de se manter em pé diante de Deus e de resistir as setas malignas contra suas vidas. Então, o que se pode concluir é que a razão disso é justamente a falta de um conhecimento mais profundo da pessoa de Cristo, o mistério de Deus. É preciso, portanto, estarmos unidos a Cristo, completamente absorvidos por sua pessoa, buscando a manutenção de uma relação cada vez mais íntima com ele, a fim de sermos fortalecidos com seu poder para vivermos a vida que ele preparou para nós e termos recursos adequados para combatermos o mal.
A única forma, portanto, de a igreja hoje ter uma presença que deixe as marcas de Cristo no mundo é a partir de uma volta irrevogável à pessoa de Jesus. Urge a necessidade de cristãos desse calibre, que estejam dispostos, a partir de um retorno à pessoa de Cristo, fazendo dele Senhor absoluto de suas vidas, a abrirem mão de si mesmos, de seus planos pessoais e de seus sonhos, quando estes não forem conformes à vontade dele. Homens e mulheres grandes o suficientes para se dobrarem ao seu domínio e, a partir disso, terem condições de exalar pelo ar da história o bom perfume de Cristo.
Que ele encontre essa pessoa em mim e em você!
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
A gratidão e o espírito cristão
Por Jease Costa
Coisa grave em qualquer relacionamento é a ingratidão. Mais grave ainda é quando vemos pessoas que retribuem com o mal a quem lhes fez o bem. Infelizmente, isso não é algo incomum mesmo entre os que se afirmam discípulos de Jesus. Há muitos crentes ingratos, e, paralelamente, muitos outros machucados por pessoas a quem trataram com cuidado e amor. É digno de nota que mesmo Jesus esperou gratidão. Certa feita curou dez leprosos, e como apenas um voltou para agradecer, perguntou a respeito dos outros nove. Isso mostra que um coração agradecido deve ser visto como prerrogativa cristã.
O apóstolo Paulo às vezes se mostra um pouco frio do ponto de vista emocional. Outras vezes, porém, o percebemos doce, comovido e gentil. A igreja de Filipos foi a única igreja da qual recebeu donativos em seus momentos de necessidades, e isso ocorreu mais que uma vez. E na carta que dirigiu a ela ele não se furtou da oportunidade de mostrar gratidão. Nos versos 4 e 5 do capítulo primeiro ele diz que sempre orava com alegria por eles, por causa da cooperação que aqueles irmãos davam ao evangelho. Coisa boa é a gratidão!
É interessante notar nessa carta de Paulo à igreja de Filipos que ele não apenas demonstrou com palavras sua gratidão, mas faz algo por eles. Assim, como forma de dar expressão à sua gratidão por aqueles irmãos bondosos, ele intercede por eles (Cap. 1.9). Sua intercessão é uma forma prática de mostrar o quanto estava agradecido.
Isso deve nos levar a pensar em nós mesmos, na forma como agimos com aqueles que em alguma ocasião nos fizeram o bem. Como você reage às pessoas que de alguma forma abençoaram sua vida? Já lhes falou a respeito de sua gratidão? E o que mais fez para dar expressão prática à sua gratidão. Uma boa forma de fazer isso é orando. Coloque cada uma dessas pessoas no altar do Senhor, interceda por elas, faça da oração por essas pessoas uma missão. Evidentemente que, se houver possibilidade e oportunidade, faça algo mais além da oração, mas não a despreze. Nós não somos capazes de dimensionar até onde nossas orações podem alcançar.
Sejamos gratos! A gratidão tem tudo a ver com o cristianismo. E que também possamos dar expressão prática à nossa gratidão.
Coisa grave em qualquer relacionamento é a ingratidão. Mais grave ainda é quando vemos pessoas que retribuem com o mal a quem lhes fez o bem. Infelizmente, isso não é algo incomum mesmo entre os que se afirmam discípulos de Jesus. Há muitos crentes ingratos, e, paralelamente, muitos outros machucados por pessoas a quem trataram com cuidado e amor. É digno de nota que mesmo Jesus esperou gratidão. Certa feita curou dez leprosos, e como apenas um voltou para agradecer, perguntou a respeito dos outros nove. Isso mostra que um coração agradecido deve ser visto como prerrogativa cristã.
O apóstolo Paulo às vezes se mostra um pouco frio do ponto de vista emocional. Outras vezes, porém, o percebemos doce, comovido e gentil. A igreja de Filipos foi a única igreja da qual recebeu donativos em seus momentos de necessidades, e isso ocorreu mais que uma vez. E na carta que dirigiu a ela ele não se furtou da oportunidade de mostrar gratidão. Nos versos 4 e 5 do capítulo primeiro ele diz que sempre orava com alegria por eles, por causa da cooperação que aqueles irmãos davam ao evangelho. Coisa boa é a gratidão!
É interessante notar nessa carta de Paulo à igreja de Filipos que ele não apenas demonstrou com palavras sua gratidão, mas faz algo por eles. Assim, como forma de dar expressão à sua gratidão por aqueles irmãos bondosos, ele intercede por eles (Cap. 1.9). Sua intercessão é uma forma prática de mostrar o quanto estava agradecido.
Isso deve nos levar a pensar em nós mesmos, na forma como agimos com aqueles que em alguma ocasião nos fizeram o bem. Como você reage às pessoas que de alguma forma abençoaram sua vida? Já lhes falou a respeito de sua gratidão? E o que mais fez para dar expressão prática à sua gratidão. Uma boa forma de fazer isso é orando. Coloque cada uma dessas pessoas no altar do Senhor, interceda por elas, faça da oração por essas pessoas uma missão. Evidentemente que, se houver possibilidade e oportunidade, faça algo mais além da oração, mas não a despreze. Nós não somos capazes de dimensionar até onde nossas orações podem alcançar.
Sejamos gratos! A gratidão tem tudo a ver com o cristianismo. E que também possamos dar expressão prática à nossa gratidão.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Nossa Pátria Celestial
Por Jease Costa
Filipenses 3.17-21
“Mas a nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (v.20).
“Sou forasteiro aqui, em terra estranha estou”. É assim que começa o empolgante hino 207 do Cantor Cristão. Essa verdade é sublime, a qual não podemos perder de vista jamais. Quem entregou seu coração a Jesus encontra conforto ao saber que neste mundo não tem residência fixa, que é apenas forasteiro, pois sua pátria é a celestial. Quanto conforto isso trás, não é mesmo? Nos faz recobrar o ânimo saber que, ainda que soframos, um dia toda dor passará, pois na pátria celestial Deus enxugará dos olhos toda lágrima.
Paulo disse que “nossa pátria está nos céus” em oposição ao destino dos que são “inimigos da cruz de Cristo” (vs. 18,19). Isso quer dizer que ter o céu como lar é a recompensa para os que decidiram amar a Jesus. Não importa como ou quando iremos. Importa é saber que estaremos lá “quando Deus fizer chamada”. O Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho em um de seus artigos colocou como título: “Bom dia, Senhor, eu vim morar aqui!”, fazendo alusão ao dia em que entrar pelas portas das mansões celestiais. Que maravilha também será para todos nós podermos dizer ao nosso Salvador, ao atravessarmos o rio da morte, “bom dia, Senhor, vim morar aqui!”.
Às vezes valorizamos o que não é mais importante. Há muitos que supervalorizam os bens em detrimento da fé. Entretanto, quando o dia chegar nenhum valor terão os bens que adquirimos. A única coisa que terá valor real é a fé em Jesus. Pois a fé é o único meio pelo qual podemos nos tornar cidadãos da pátria celestial. Somente esses podem dizer, como no hino 581 do Hinário Para o Culto Cristão: “Breve iremos ver o rio, o fim da peregrinação, e louvor ao Deus eterno nossos lábios cantarão”.
Filipenses 3.17-21
“Mas a nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (v.20).
“Sou forasteiro aqui, em terra estranha estou”. É assim que começa o empolgante hino 207 do Cantor Cristão. Essa verdade é sublime, a qual não podemos perder de vista jamais. Quem entregou seu coração a Jesus encontra conforto ao saber que neste mundo não tem residência fixa, que é apenas forasteiro, pois sua pátria é a celestial. Quanto conforto isso trás, não é mesmo? Nos faz recobrar o ânimo saber que, ainda que soframos, um dia toda dor passará, pois na pátria celestial Deus enxugará dos olhos toda lágrima.
Paulo disse que “nossa pátria está nos céus” em oposição ao destino dos que são “inimigos da cruz de Cristo” (vs. 18,19). Isso quer dizer que ter o céu como lar é a recompensa para os que decidiram amar a Jesus. Não importa como ou quando iremos. Importa é saber que estaremos lá “quando Deus fizer chamada”. O Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho em um de seus artigos colocou como título: “Bom dia, Senhor, eu vim morar aqui!”, fazendo alusão ao dia em que entrar pelas portas das mansões celestiais. Que maravilha também será para todos nós podermos dizer ao nosso Salvador, ao atravessarmos o rio da morte, “bom dia, Senhor, vim morar aqui!”.
Às vezes valorizamos o que não é mais importante. Há muitos que supervalorizam os bens em detrimento da fé. Entretanto, quando o dia chegar nenhum valor terão os bens que adquirimos. A única coisa que terá valor real é a fé em Jesus. Pois a fé é o único meio pelo qual podemos nos tornar cidadãos da pátria celestial. Somente esses podem dizer, como no hino 581 do Hinário Para o Culto Cristão: “Breve iremos ver o rio, o fim da peregrinação, e louvor ao Deus eterno nossos lábios cantarão”.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
A palavra de autoridade de Jesus
Por Jease Costa
Marcos 5.1-20
“Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo” (v.8).
A palavra de autoridade de Jesus se justifica no fato de que nada está acima dele. Nem na natureza nem no mundo espiritual. Nem mesmo a vida ou a morte. Sua palavra já aquietou ventos e mares, trouxe à vida quem já havia encontrado a morte, deu saúde a doentes e libertação a cativos de espíritos demoníacos. Após a sua ressurreição, ao se encontrar com os discípulos, disse-lhes que toda autoridade lhe havia sido dada no céu e na terra. Ele é acima de tudo e de todos. Tudo se submete ao comando de sua palavra.
Entretanto, há duas coisas dignas de nota em se tratando palavra de autoridade de Jesus. Primeiro, que isso não o torna refém da nossa fé. O fato de ele poder fazer todas as coisas não significa que as fará apenas porque nós cremos. A fé é, de fato, necessária para que alcancemos os benefícios do Senhor, mas sua ação sempre corrobora com os seus propósitos. A fé não pode ser usada como mecanismo de manipulação dos atos de Deus. Ao contrário, ela deve nos levar ao encontro de sua Pessoa e vontade.
E em segundo lugar, Jesus nunca usou sua palavra de autoridade como meio de atrair aclamação ou admiração popular. Quando expulsou demônios nunca o fez como uma forma de apresentar um show. Não fazia entrevistas com o demônio ao mesmo tempo em que humilhando o endemoniado para mostrar que estava no controle da situação. Quando ordenava a um espírito imundo para que se retirasse seu propósito era abençoar aquele que dele era cativo, e não usar disso como oportunidade de atrair aclamação popular. Sua palavra de autoridade não era um instrumento a serviço de sua vaidade, mas um gesto de amor e bondade para o bem das pessoas e para a glória do Pai.
Penso que isso tudo diz respeito a nós, pois nem sempre compreendemos adequadamente os propósitos da autoridade do nosso Senhor na nossa experiência diária. O fato de termos fé que nosso Senhor tem autoridade em sua palavra, e que por ela pode fazer todas as coisas, isso deveria nos levar a uma atitude de submissão e reverência diante dele, e não a usarmos essa fé como instrumento de manipulação dos seus atos. Sua autoridade revela sua condição de Senhor. Nós não estamos em posição de dar palavras de ordem a ele. Ele está acima de tudo e de todos, e seus atos sempre correspondem aos seus santos propósitos. Se nossos desejos corresponderem a esses propósitos, ele os cumprirá. Caso contrário, nosso papel deve ser de submissão e de adoração, uma vez que ele, como Senhor, sempre tem os melhores planos e submete tudo ao seu domínio.
Há ainda outros que se utilizam da fé na palavra de autoridade do Senhor como instrumento de conquista de admiração e respeito. Se apresentam como sendo aqueles através de quem o Senhor age e realiza seus sinais e prodígios. São eles que supostamente têm a oração mais forte, mais poder em seus atos e palavras, que estão tão próximos de Jesus que se confundem com o próprio Senhor. Nesse caso, a fé na palavra de autoridade de Jesus não é instrumento para a bênção do mundo e para a glória do Pai, mas para saciar a própria fome e a sede de poder, de capacidade de manipulação e da ânsia de serem aclamados pelas multidões. Daí, aberrações como paletós, lenços, e, até mesmo suor, que curam e que operam milagres.
Precisamos voltar a aprender com nosso Senhor. A fé nos dá acesso ao seu poder e bênçãos, é bem verdade, mas tudo isso deveria nossa levar a uma postura de maior humildade, simplicidade e serviço diante de Deus e de nossos semelhantes.
Marcos 5.1-20
“Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo” (v.8).
A palavra de autoridade de Jesus se justifica no fato de que nada está acima dele. Nem na natureza nem no mundo espiritual. Nem mesmo a vida ou a morte. Sua palavra já aquietou ventos e mares, trouxe à vida quem já havia encontrado a morte, deu saúde a doentes e libertação a cativos de espíritos demoníacos. Após a sua ressurreição, ao se encontrar com os discípulos, disse-lhes que toda autoridade lhe havia sido dada no céu e na terra. Ele é acima de tudo e de todos. Tudo se submete ao comando de sua palavra.
Entretanto, há duas coisas dignas de nota em se tratando palavra de autoridade de Jesus. Primeiro, que isso não o torna refém da nossa fé. O fato de ele poder fazer todas as coisas não significa que as fará apenas porque nós cremos. A fé é, de fato, necessária para que alcancemos os benefícios do Senhor, mas sua ação sempre corrobora com os seus propósitos. A fé não pode ser usada como mecanismo de manipulação dos atos de Deus. Ao contrário, ela deve nos levar ao encontro de sua Pessoa e vontade.
E em segundo lugar, Jesus nunca usou sua palavra de autoridade como meio de atrair aclamação ou admiração popular. Quando expulsou demônios nunca o fez como uma forma de apresentar um show. Não fazia entrevistas com o demônio ao mesmo tempo em que humilhando o endemoniado para mostrar que estava no controle da situação. Quando ordenava a um espírito imundo para que se retirasse seu propósito era abençoar aquele que dele era cativo, e não usar disso como oportunidade de atrair aclamação popular. Sua palavra de autoridade não era um instrumento a serviço de sua vaidade, mas um gesto de amor e bondade para o bem das pessoas e para a glória do Pai.
Penso que isso tudo diz respeito a nós, pois nem sempre compreendemos adequadamente os propósitos da autoridade do nosso Senhor na nossa experiência diária. O fato de termos fé que nosso Senhor tem autoridade em sua palavra, e que por ela pode fazer todas as coisas, isso deveria nos levar a uma atitude de submissão e reverência diante dele, e não a usarmos essa fé como instrumento de manipulação dos seus atos. Sua autoridade revela sua condição de Senhor. Nós não estamos em posição de dar palavras de ordem a ele. Ele está acima de tudo e de todos, e seus atos sempre correspondem aos seus santos propósitos. Se nossos desejos corresponderem a esses propósitos, ele os cumprirá. Caso contrário, nosso papel deve ser de submissão e de adoração, uma vez que ele, como Senhor, sempre tem os melhores planos e submete tudo ao seu domínio.
Há ainda outros que se utilizam da fé na palavra de autoridade do Senhor como instrumento de conquista de admiração e respeito. Se apresentam como sendo aqueles através de quem o Senhor age e realiza seus sinais e prodígios. São eles que supostamente têm a oração mais forte, mais poder em seus atos e palavras, que estão tão próximos de Jesus que se confundem com o próprio Senhor. Nesse caso, a fé na palavra de autoridade de Jesus não é instrumento para a bênção do mundo e para a glória do Pai, mas para saciar a própria fome e a sede de poder, de capacidade de manipulação e da ânsia de serem aclamados pelas multidões. Daí, aberrações como paletós, lenços, e, até mesmo suor, que curam e que operam milagres.
Precisamos voltar a aprender com nosso Senhor. A fé nos dá acesso ao seu poder e bênçãos, é bem verdade, mas tudo isso deveria nossa levar a uma postura de maior humildade, simplicidade e serviço diante de Deus e de nossos semelhantes.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Mordomia das Oportunidades
Por: Jease Costa
Efésios 5.1-21
“usando bem cada oportunidade, porquanto os dias são maus” (v.16).
Dizem que “não importa como morre um homem; importa como ele vive”. Fala-se muito, e com razão, do desperdício de água, energia e alimento, alegando-se que disso depende nossa vida neste planeta. É verdade. Entretanto, há outro tipo de desperdício não menos importante que interfere na nossa qualidade de vida, e a respeito do qual não damos muita atenção e valor. É o desperdício do tempo. O tempo que se perde é vida que se vai, e a qual não se recupera mais.
Nessa parte da carta de Paulo às igrejas da região de Éfeso, ele instrui aos crentes a que tenham cuidado com a maneira como vivem, e logo em seguida lhes orienta a que “usem bem cada oportunidade porque os dias são maus”. Isso porque, uma vez que os dias são maus, a vida será melhor ou pior não dependendo dos bens que acumulamos, mas da forma como usamos cada oportunidade que Deus nos dá. É isso o que significa viver como sábios (v. 15). É natural que nos preocupemos com o tempo de vida que temos para viver. Entretanto, isso em parte não depende de nós. Portanto, muito mais importante do que o tempo na vida é a vida no tempo. É bom ter muito tempo de vida. Mas, melhor ainda é ter muita vida no tempo que Deus nos dá.
Há uma poesia recitada no filme “A Sociedade dos Poetas Mortos” que expressa bem tudo isso. Uma parte diz assim:
Saí pela floresta deliberadamente
para sugar a essência da vida,
para expulsar o que não era vida.
Para não descobrir, ao morrer,
Que me esqueci de viver.
Mas Paulo deixa claro que viver com sabedoria começa com a compreensão e aplicação da vontade do Senhor na experiência diária (v. 17). Portanto, use bem o tempo; não se esqueçe de viver!
Efésios 5.1-21
“usando bem cada oportunidade, porquanto os dias são maus” (v.16).
Dizem que “não importa como morre um homem; importa como ele vive”. Fala-se muito, e com razão, do desperdício de água, energia e alimento, alegando-se que disso depende nossa vida neste planeta. É verdade. Entretanto, há outro tipo de desperdício não menos importante que interfere na nossa qualidade de vida, e a respeito do qual não damos muita atenção e valor. É o desperdício do tempo. O tempo que se perde é vida que se vai, e a qual não se recupera mais.
Nessa parte da carta de Paulo às igrejas da região de Éfeso, ele instrui aos crentes a que tenham cuidado com a maneira como vivem, e logo em seguida lhes orienta a que “usem bem cada oportunidade porque os dias são maus”. Isso porque, uma vez que os dias são maus, a vida será melhor ou pior não dependendo dos bens que acumulamos, mas da forma como usamos cada oportunidade que Deus nos dá. É isso o que significa viver como sábios (v. 15). É natural que nos preocupemos com o tempo de vida que temos para viver. Entretanto, isso em parte não depende de nós. Portanto, muito mais importante do que o tempo na vida é a vida no tempo. É bom ter muito tempo de vida. Mas, melhor ainda é ter muita vida no tempo que Deus nos dá.
Há uma poesia recitada no filme “A Sociedade dos Poetas Mortos” que expressa bem tudo isso. Uma parte diz assim:
Saí pela floresta deliberadamente
para sugar a essência da vida,
para expulsar o que não era vida.
Para não descobrir, ao morrer,
Que me esqueci de viver.
Mas Paulo deixa claro que viver com sabedoria começa com a compreensão e aplicação da vontade do Senhor na experiência diária (v. 17). Portanto, use bem o tempo; não se esqueçe de viver!
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
O Valor das Pequenas Coisas
Por Jease Costa
Marcos 4.26-34
“É como um grão de mostarda que, quando se semeia, é a menor de todas as sementes que há na terra; (v.31).
Quando eu era adolescente um amigo me disse: “você pode saber quantas sementes há em uma laranja, mas não pode saber quantas laranjas há em uma semente”. Às vezes coisas pequenas carregam potencial de dimensão incalculável. Muitas vezes somos transformados por gestos pequenos e singelos. Quando Pedro traiu a Jesus, o Mestre passou por ele e o olhou. Bastou um olhar para Pedro ver estremecer toda estrutura do seu ser. Às vezes perdemos grandes coisas porque desprezamos as pequenas.
Talvez seja a singeleza do evangelho um dos motivos de sua rejeição popular. Para alguns parece ser tão pequeno que não vale a pena se submeter a ele. Uma irmã, certa vez me falou que, ao apresentar Jesus a um colega de faculdade, hoje conhecido jornalista de televisão, foi surpreendida com a resposta: “não posso aceitar o evangelho porque ele é muito simples”. Ele não sabia é que na simplicidade do evangelho encontra-se o poder do reino de Deus. Por isso Jesus o comparou ao grão de mostarda que mesmo sendo a menor das sementes, depois de plantada dá a maior das hortaliças, e até as aves se abrigam à sombra de seus ramos. A força do evangelho também reside em sua simplicidade. Pessoas lotam estádios para verem touros ferozes, mas não para verem um simples cordeiro. No entanto, a redenção da humanidade só foi possível na figura da ovelha tosquiada. O texto bíblico diz que Jesus é o cordeiro de Deus.
Muitos se queixam de Deus por não o verem em grandes obras. Talvez seja útil atentarem para as pequenas coisas. É possível que sua graça e formosura estejam nelas.
Marcos 4.26-34
“É como um grão de mostarda que, quando se semeia, é a menor de todas as sementes que há na terra; (v.31).
Quando eu era adolescente um amigo me disse: “você pode saber quantas sementes há em uma laranja, mas não pode saber quantas laranjas há em uma semente”. Às vezes coisas pequenas carregam potencial de dimensão incalculável. Muitas vezes somos transformados por gestos pequenos e singelos. Quando Pedro traiu a Jesus, o Mestre passou por ele e o olhou. Bastou um olhar para Pedro ver estremecer toda estrutura do seu ser. Às vezes perdemos grandes coisas porque desprezamos as pequenas.
Talvez seja a singeleza do evangelho um dos motivos de sua rejeição popular. Para alguns parece ser tão pequeno que não vale a pena se submeter a ele. Uma irmã, certa vez me falou que, ao apresentar Jesus a um colega de faculdade, hoje conhecido jornalista de televisão, foi surpreendida com a resposta: “não posso aceitar o evangelho porque ele é muito simples”. Ele não sabia é que na simplicidade do evangelho encontra-se o poder do reino de Deus. Por isso Jesus o comparou ao grão de mostarda que mesmo sendo a menor das sementes, depois de plantada dá a maior das hortaliças, e até as aves se abrigam à sombra de seus ramos. A força do evangelho também reside em sua simplicidade. Pessoas lotam estádios para verem touros ferozes, mas não para verem um simples cordeiro. No entanto, a redenção da humanidade só foi possível na figura da ovelha tosquiada. O texto bíblico diz que Jesus é o cordeiro de Deus.
Muitos se queixam de Deus por não o verem em grandes obras. Talvez seja útil atentarem para as pequenas coisas. É possível que sua graça e formosura estejam nelas.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Está Amarrado Em Nome de Jesus!
Autor: Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Tenho ouvido e lido muito a frase "Está amarrado em nome de Jesus!". E me indago: "De onde saiu esta idéia?".
Cada vez mais as pessoas ouvem conceitos e os repetem sem análise. Um grupo de pastores não batistas me convidou para lhes falar sobre pregação, numa manhã. Lá fui.
Discutiram depois sobre o aniversário da sua cidade e decidiram pedir ao Prefeito uma oportunidade para os evangélicos na ocasião. Solicitariam que todo o trânsito fosse parado, cessada toda a movimentação, e fariam uma oração, amarrando Satanás naquela cidade e declarando-a possessão do Senhor Jesus. Afinal, a palavra tem poder e a vitória devia ser declarada. Foi um alarido de concordância geral. Como visitante, timidamente, fiz uma pergunta a um deles: "Depois que vocês declararem Satanás amarrado nesta cidade e a declararem como sendo do Senhor Jesus, isso acontecerá realmente?". "Sim!", respondeu-me ele, titubeando. "Não haverá mais crimes, nem roubos, nem prostituição, nem drogas na cidade? Vocês podem afirmar isso?", retornei. Foi constrangedor. Como não podia afirmar, o colega preferiu me achar incrédulo e pensar que tinham feito um mau negócio convidando um preletor batista tradicional. Foi uma saída melhor do que pensar. Aliás, pensar é problemático. Repetir chavão da moda é bem melhor.
Amarra-se Satanás com uma frase? Quem disse isto? Qual a base bíblica para esta declaração tão revolucionária? Porque, se verdadeira for esta interpretação, podemos amarrá-lo para sempre! Adeus, penitenciárias, crimes, pecados! Traremos o céu para a terra com uma simples declaração! Nem o próprio Jesus fez isso!
Tal idéia deve vir de Mateus 12.29 e Marcos 3.27 (deixo de lado Apocalipse 20.2 cuja análise não comporta aqui). Os dois textos tratam do mesmo evento. Lucas 11.17-23 também narra o episódio, mas omite a declaração de Mateus e Marcos: "amarrar o valente". Convenhamos: a base é muito precária para estabelecer uma doutrina e uma prática tão revolucionárias.
Jesus havia feito uma série de curas, conforme Marcos. A que mais impressiona Mateus é a do endemoninhado cego e mudo. Era o cúmulo da desgraça: não ver e não falar, além de ter demônios. Jesus o curou. Atônitos, sem ter o que dizer, os fariseus o acusaram de agir por Belzebu, divindade cananéia, cujo nome significa "Baal, o príncipe". Esta definição do nome Belzebu fica bem clara em Marcos 3.22. Para os fariseus, Jesus não estava agindo nem mesmo por um demônio conhecido, mas por divindades estrangeiras.
A resposta de Jesus, como sempre, é admirável. Se ele estivesse mancomunado com Satanás ou Belzebu (uma "divindade" pagã, para ele, é demoníaca) seria um caso de guerra civil. Satanás estaria contra Satanás. Seria uma casa dividida e uma casa dividida não subsiste. Mas ele veio pelo Espírito de Deus e com ele irrompeu o reino de Deus (Mateus 12.28). Jesus entrou num mundo dominado pelo maligno (1 João 5.19) e estabeleceu seu reino. Ele veio para libertar os oprimidos do Diabo (Atos 10.38) e destruir as obras de Satanás (1 João 3.8). Veio ao terreno dominado pelo inimigo, adentrou seus domínios e abalou seu poder. Isso é como entrar na casa do valente, amarrá-lo e tomar seus bens.
Para alguns comentaristas, os bens são as pessoas dominadas por ele. Broadus pensa que se refira aos demônios dirigidos por ele e sobre quem Jesus mostrava poder. Talvez os contornos da declaração de Jesus não sejam relevantes. Parece-me haver aqui uma metáfora de um só sentido, em que as particularidades não contam. O que importa é isto: há um homem forte que tem bens. É Satanás. Um mais forte que ele, Jesus, invade seus domínios e o vence. A vitória de Jesus no deserto (Mateus 4.1-10) mostra sua superioridade sobre Satanás.
É aqui que surge a expressão "amarrar o valente" (Mateus 12.29 e Marcos 3.27). Jesus fez isso. Ele limitou o poder de Satanás. Mas atenção: em lugar algum a Bíblia diz que os crentes amarram Satanás. Isso foi obra de Jesus ao irromper na história com seu reino, abalando o poder do inimigo. Crentes não amarram Satanás. A Bíblia não traz um versículo sequer dizendo que com uma simples declaração conseguimos esta proeza. É muito simplismo e pretensão de algumas pessoas presumirem que suas palavras amarram Satanás.
Levanto algumas considerações para pensarem:
1a) Por que o amarram em cada culto? Ou fica amarrado para sempre ou alguém o solta! Quem o solta depois que ele é amarrado?
2a) Se ele está amarrado, quem está agindo? É impossível deixar de reconhecer que ele está solto, agindo neste mundo.
3a) Jesus estava sendo literal? Devemos tomar a expressão como algo literal e dar-lhe um sentido universal, aplicável a todos os crentes, num sentido que Jesus não deu? Ou estava usando uma linguagem em figura para dizer que não tinha ligação alguma com Satanás, que eram adversários e que ele tinha vindo para destruir o Maligno? O próprio Jesus, que veio para amarrá-lo, foi tentado por ele (Mateus 4.1-10 e 16.23). Paulo nos adverte que é contra ele e seus asseclas que temos que lutar (Efésios 6.12). E nos aconselha a nos aparelharmos para a luta (Efésios 6.13-18). O quadro é de luta e não deste simplismo de deixar o inimigo amarrado com uma palavra.
4a) Qual a base bíblica para esta afirmação? É isto que não consigo entender: como práticas que resvalam para doutrina são estabelecidas em nosso meio, apenas com tintura bíblica, mas sem embasamento? Afinal, Paulo nos aconselha a lutarmos contra ele, em vez de amarrá-lo. Tiago 4.8 e 1 Pedro 5.9 nos aconselham a resistirmos ao Diabo, em vez de amarrá-lo. Por que a Bíblia não deixa bem claro, se é possível isso, que o amarremos com uma frase de efeito?
5a) Não será uma estratégia do próprio inimigo disseminar em nosso meio a idéia de sua fraqueza e que é fácil vencê-lo? Não será seu interesse que os crentes pensem que uma frase feita o impeça de agir e assim nos descuidemos de nossa vigilância?
Sugeri certa vez, numa comissão doutrinária, que um semestre de Doutrina do Espírito Santo fosse incluído no currículo teológico. A terceira pessoa da Trindade ainda é pouco estudada em nosso meio, por isso tantos desvios doutrinários envolvendo-a. Creio que precisamos estudar também sobre o Diabo. Na realidade, precisamos estudar mais séria e criteriosamente a Bíblia. Fugir das novidades e "grifes" evangélicas que pululam aqui e acolá, das "descobertas" de cada dia, obra de pessoas que diariamente "redescobrem" o evangelho que jamais alguém viu em dois mil anos de cristianismo, e firmar-nos na doutrina equilibrada da Palavra de Deus. Amarremos o espírito novidadeiro, o espírito ateniense (Atos 17.21) que há em alguns (por favor, "espírito", aqui, é linguagem figurada). Isso será bom. Haverá um pouco mais de paz doutrinária no meio das igrejas. Em outras palavras: dá pra parar de inventar?
Tenho ouvido e lido muito a frase "Está amarrado em nome de Jesus!". E me indago: "De onde saiu esta idéia?".
Cada vez mais as pessoas ouvem conceitos e os repetem sem análise. Um grupo de pastores não batistas me convidou para lhes falar sobre pregação, numa manhã. Lá fui.
Discutiram depois sobre o aniversário da sua cidade e decidiram pedir ao Prefeito uma oportunidade para os evangélicos na ocasião. Solicitariam que todo o trânsito fosse parado, cessada toda a movimentação, e fariam uma oração, amarrando Satanás naquela cidade e declarando-a possessão do Senhor Jesus. Afinal, a palavra tem poder e a vitória devia ser declarada. Foi um alarido de concordância geral. Como visitante, timidamente, fiz uma pergunta a um deles: "Depois que vocês declararem Satanás amarrado nesta cidade e a declararem como sendo do Senhor Jesus, isso acontecerá realmente?". "Sim!", respondeu-me ele, titubeando. "Não haverá mais crimes, nem roubos, nem prostituição, nem drogas na cidade? Vocês podem afirmar isso?", retornei. Foi constrangedor. Como não podia afirmar, o colega preferiu me achar incrédulo e pensar que tinham feito um mau negócio convidando um preletor batista tradicional. Foi uma saída melhor do que pensar. Aliás, pensar é problemático. Repetir chavão da moda é bem melhor.
Amarra-se Satanás com uma frase? Quem disse isto? Qual a base bíblica para esta declaração tão revolucionária? Porque, se verdadeira for esta interpretação, podemos amarrá-lo para sempre! Adeus, penitenciárias, crimes, pecados! Traremos o céu para a terra com uma simples declaração! Nem o próprio Jesus fez isso!
Tal idéia deve vir de Mateus 12.29 e Marcos 3.27 (deixo de lado Apocalipse 20.2 cuja análise não comporta aqui). Os dois textos tratam do mesmo evento. Lucas 11.17-23 também narra o episódio, mas omite a declaração de Mateus e Marcos: "amarrar o valente". Convenhamos: a base é muito precária para estabelecer uma doutrina e uma prática tão revolucionárias.
Jesus havia feito uma série de curas, conforme Marcos. A que mais impressiona Mateus é a do endemoninhado cego e mudo. Era o cúmulo da desgraça: não ver e não falar, além de ter demônios. Jesus o curou. Atônitos, sem ter o que dizer, os fariseus o acusaram de agir por Belzebu, divindade cananéia, cujo nome significa "Baal, o príncipe". Esta definição do nome Belzebu fica bem clara em Marcos 3.22. Para os fariseus, Jesus não estava agindo nem mesmo por um demônio conhecido, mas por divindades estrangeiras.
A resposta de Jesus, como sempre, é admirável. Se ele estivesse mancomunado com Satanás ou Belzebu (uma "divindade" pagã, para ele, é demoníaca) seria um caso de guerra civil. Satanás estaria contra Satanás. Seria uma casa dividida e uma casa dividida não subsiste. Mas ele veio pelo Espírito de Deus e com ele irrompeu o reino de Deus (Mateus 12.28). Jesus entrou num mundo dominado pelo maligno (1 João 5.19) e estabeleceu seu reino. Ele veio para libertar os oprimidos do Diabo (Atos 10.38) e destruir as obras de Satanás (1 João 3.8). Veio ao terreno dominado pelo inimigo, adentrou seus domínios e abalou seu poder. Isso é como entrar na casa do valente, amarrá-lo e tomar seus bens.
Para alguns comentaristas, os bens são as pessoas dominadas por ele. Broadus pensa que se refira aos demônios dirigidos por ele e sobre quem Jesus mostrava poder. Talvez os contornos da declaração de Jesus não sejam relevantes. Parece-me haver aqui uma metáfora de um só sentido, em que as particularidades não contam. O que importa é isto: há um homem forte que tem bens. É Satanás. Um mais forte que ele, Jesus, invade seus domínios e o vence. A vitória de Jesus no deserto (Mateus 4.1-10) mostra sua superioridade sobre Satanás.
É aqui que surge a expressão "amarrar o valente" (Mateus 12.29 e Marcos 3.27). Jesus fez isso. Ele limitou o poder de Satanás. Mas atenção: em lugar algum a Bíblia diz que os crentes amarram Satanás. Isso foi obra de Jesus ao irromper na história com seu reino, abalando o poder do inimigo. Crentes não amarram Satanás. A Bíblia não traz um versículo sequer dizendo que com uma simples declaração conseguimos esta proeza. É muito simplismo e pretensão de algumas pessoas presumirem que suas palavras amarram Satanás.
Levanto algumas considerações para pensarem:
1a) Por que o amarram em cada culto? Ou fica amarrado para sempre ou alguém o solta! Quem o solta depois que ele é amarrado?
2a) Se ele está amarrado, quem está agindo? É impossível deixar de reconhecer que ele está solto, agindo neste mundo.
3a) Jesus estava sendo literal? Devemos tomar a expressão como algo literal e dar-lhe um sentido universal, aplicável a todos os crentes, num sentido que Jesus não deu? Ou estava usando uma linguagem em figura para dizer que não tinha ligação alguma com Satanás, que eram adversários e que ele tinha vindo para destruir o Maligno? O próprio Jesus, que veio para amarrá-lo, foi tentado por ele (Mateus 4.1-10 e 16.23). Paulo nos adverte que é contra ele e seus asseclas que temos que lutar (Efésios 6.12). E nos aconselha a nos aparelharmos para a luta (Efésios 6.13-18). O quadro é de luta e não deste simplismo de deixar o inimigo amarrado com uma palavra.
4a) Qual a base bíblica para esta afirmação? É isto que não consigo entender: como práticas que resvalam para doutrina são estabelecidas em nosso meio, apenas com tintura bíblica, mas sem embasamento? Afinal, Paulo nos aconselha a lutarmos contra ele, em vez de amarrá-lo. Tiago 4.8 e 1 Pedro 5.9 nos aconselham a resistirmos ao Diabo, em vez de amarrá-lo. Por que a Bíblia não deixa bem claro, se é possível isso, que o amarremos com uma frase de efeito?
5a) Não será uma estratégia do próprio inimigo disseminar em nosso meio a idéia de sua fraqueza e que é fácil vencê-lo? Não será seu interesse que os crentes pensem que uma frase feita o impeça de agir e assim nos descuidemos de nossa vigilância?
Sugeri certa vez, numa comissão doutrinária, que um semestre de Doutrina do Espírito Santo fosse incluído no currículo teológico. A terceira pessoa da Trindade ainda é pouco estudada em nosso meio, por isso tantos desvios doutrinários envolvendo-a. Creio que precisamos estudar também sobre o Diabo. Na realidade, precisamos estudar mais séria e criteriosamente a Bíblia. Fugir das novidades e "grifes" evangélicas que pululam aqui e acolá, das "descobertas" de cada dia, obra de pessoas que diariamente "redescobrem" o evangelho que jamais alguém viu em dois mil anos de cristianismo, e firmar-nos na doutrina equilibrada da Palavra de Deus. Amarremos o espírito novidadeiro, o espírito ateniense (Atos 17.21) que há em alguns (por favor, "espírito", aqui, é linguagem figurada). Isso será bom. Haverá um pouco mais de paz doutrinária no meio das igrejas. Em outras palavras: dá pra parar de inventar?
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Um líder, um referencial
Por Jease Costa
2 Reis 21.1-9
“Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez uma Asera como a que fizera Acabe, rei de Israel, e adorou a todo o exército do céu, e os serviu” (v.3).
Normalmente quando pensamos no que define a força de um rei, pensamos em suas conquistas, seu poderio militar e na expansão dos seus domínios. É bem vardade que esses são elementos que definem a força de um rei. Entretanto, há outro elemento que precisa ser valorizado: um coração que se mantém firme em Deus. No caso de Manassés, seu coração era ocupado pelo que Deus reprova, pela canalização do seu amor a outros deuses. O seu coração não era ocupado por Deus, e como se não bastasse, mais grave ainda, levou o povo a abandonar os caminhos de retidão e a percorrer por trilhas de maior impiedade até mesmo do que os povos das nações pagãs.
A responsabilidade de quem ocupa posição de liderança é grande porque sua conduta não interfere apenas em sua vida pessoal, mas também na vida daqueles que estão sob suas responsabilidades, seja na igreja, na vida secular ou na família. Normalmente um líder nunca cai sozinho. Daí o dever de ser exemplo do bem, de uma fé firme e de um coração que se alegra na lealdade e submissão a Deus.
Acredito que há muitos motivos que expliquem a fragilidade da fé de nossa geração, mas dentre esses motivos está a falta de referenciais seguros. Certa vez fui procurado por um pai que queria minha ajuda para levar seu filho a amar mais a igreja. O problema é que ele mesmo, o pai, não a amava. Assim, fui levado a lhe dizer: “meu irmão, seu filho não ama a igreja porque lhe falta exemplo. Se o irmão amasse a igreja, haveria maior possibilidade de seu filho a amar também”. Há um provérbio antigo que diz que a palavra move, mas o exemplo arrasta. É grande a nossa responsabilidade.
2 Reis 21.1-9
“Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez uma Asera como a que fizera Acabe, rei de Israel, e adorou a todo o exército do céu, e os serviu” (v.3).
Normalmente quando pensamos no que define a força de um rei, pensamos em suas conquistas, seu poderio militar e na expansão dos seus domínios. É bem vardade que esses são elementos que definem a força de um rei. Entretanto, há outro elemento que precisa ser valorizado: um coração que se mantém firme em Deus. No caso de Manassés, seu coração era ocupado pelo que Deus reprova, pela canalização do seu amor a outros deuses. O seu coração não era ocupado por Deus, e como se não bastasse, mais grave ainda, levou o povo a abandonar os caminhos de retidão e a percorrer por trilhas de maior impiedade até mesmo do que os povos das nações pagãs.
A responsabilidade de quem ocupa posição de liderança é grande porque sua conduta não interfere apenas em sua vida pessoal, mas também na vida daqueles que estão sob suas responsabilidades, seja na igreja, na vida secular ou na família. Normalmente um líder nunca cai sozinho. Daí o dever de ser exemplo do bem, de uma fé firme e de um coração que se alegra na lealdade e submissão a Deus.
Acredito que há muitos motivos que expliquem a fragilidade da fé de nossa geração, mas dentre esses motivos está a falta de referenciais seguros. Certa vez fui procurado por um pai que queria minha ajuda para levar seu filho a amar mais a igreja. O problema é que ele mesmo, o pai, não a amava. Assim, fui levado a lhe dizer: “meu irmão, seu filho não ama a igreja porque lhe falta exemplo. Se o irmão amasse a igreja, haveria maior possibilidade de seu filho a amar também”. Há um provérbio antigo que diz que a palavra move, mas o exemplo arrasta. É grande a nossa responsabilidade.
sábado, 6 de novembro de 2010
nossa luta espiritual
Por Jease Costa
Efésios 6.10-20
“Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes” (v.13).
James Huston, em seu excelente livro “Orar Com Deus”, diz que a vida espiritual começa a partir do que somos para nos tornarmos no que devemos ser. Isso significa dizer que a visão de nossas fraquezas são, em certo sentido, aquilo que necessitamos para nosso aperfeiçoamento. É a luta diária que travamos conosco mesmos para moldar nosso caráter de acordo com os padrões do caráter divino. Isso implica em luta constante, em uma tremenda batalha espiritual, uma vez que nosso homem interior reage com hostilidade aos apelos da espiritualidade bíblica.
Diante desse quadro, é digno de nota que, se nossa luta espiritual é diária, deveríamos nos preparar e nos armar cada vez melhor para o seu enfrentamento. Entretanto, não é isso o que normalmente ocorre. Talvez isso justifique nossas quedas constantes, bem como nossa incapacidade de nos mantermos em pé por um espaço curto de tempo. Deveríamos entender que quanto maior a luta, maior preparo se exige. Foi isso o que Paulo ensinou. No verso 12 ele instrui que a luta é contra os poderes das trevas, e justamente por isso devemos nos armar com as armas que Deus nos oferece. Portanto, precisamos entender que não basta saber quem é o inimigo. Há necessidade de preparo adequado e uso de armas adequadas. Se a luta é espiritual as armas também o são. Às vezes estamos na luta certa com as armas erradas.
Infelizmente nos preparamos com mais zêlo para as lutas humanas do que para luta espiritual. Um atleta se dedica aos treinos com disciplina e esmero, e um estudante se prepara com afinco para ser aprovado nos exames de vestibular. Mas um cristão nem sempre se prepara adequadamente para a luta espiritual que tem que enfrentar todos os dias. Deus não apenas espera que permaneçamos firmes. Ele nos dá os recursos. Façamos bom uso.
Efésios 6.10-20
“Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes” (v.13).
James Huston, em seu excelente livro “Orar Com Deus”, diz que a vida espiritual começa a partir do que somos para nos tornarmos no que devemos ser. Isso significa dizer que a visão de nossas fraquezas são, em certo sentido, aquilo que necessitamos para nosso aperfeiçoamento. É a luta diária que travamos conosco mesmos para moldar nosso caráter de acordo com os padrões do caráter divino. Isso implica em luta constante, em uma tremenda batalha espiritual, uma vez que nosso homem interior reage com hostilidade aos apelos da espiritualidade bíblica.
Diante desse quadro, é digno de nota que, se nossa luta espiritual é diária, deveríamos nos preparar e nos armar cada vez melhor para o seu enfrentamento. Entretanto, não é isso o que normalmente ocorre. Talvez isso justifique nossas quedas constantes, bem como nossa incapacidade de nos mantermos em pé por um espaço curto de tempo. Deveríamos entender que quanto maior a luta, maior preparo se exige. Foi isso o que Paulo ensinou. No verso 12 ele instrui que a luta é contra os poderes das trevas, e justamente por isso devemos nos armar com as armas que Deus nos oferece. Portanto, precisamos entender que não basta saber quem é o inimigo. Há necessidade de preparo adequado e uso de armas adequadas. Se a luta é espiritual as armas também o são. Às vezes estamos na luta certa com as armas erradas.
Infelizmente nos preparamos com mais zêlo para as lutas humanas do que para luta espiritual. Um atleta se dedica aos treinos com disciplina e esmero, e um estudante se prepara com afinco para ser aprovado nos exames de vestibular. Mas um cristão nem sempre se prepara adequadamente para a luta espiritual que tem que enfrentar todos os dias. Deus não apenas espera que permaneçamos firmes. Ele nos dá os recursos. Façamos bom uso.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
A Fonte de Poder
Por Jease Costa
Filipenses 4.10-20
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (v.13).
Esse versículo exposto acima deve ser entendido à luz dos anteriores, para não corresmos o risco de termos uma visão de nós mesmos ou do evangelho incompatível com o que a Bíblia quer dizer. Ele não diz que, em Cristo, temos poder para fazer qualquer coisa, como, por exemplo, ser aprovados em um exame sem prepararmo-nos adequadamente. Não é esse tipo de coisa que Paulo diz que podemos em Cristo. Para essas coisas precisamos dar o melhor no preparo e no espírito de luta. No texto, Paulo está se referindo às provações e privações. É uma referência ao poder que lhe dá condições de suportar adversidades.
Há quem pregue que, estando em Cristo, estamos imunes às dores da vida, como se Deus fosse um Pai superprotetor, pronto a nos livar de toda adversidade, por menor que seja. Essa teologia carece de respaldo bíblico e não pode resistir a um exame sério do texto sagrado. Stanley Jones diz que “Deus não nos trata como crianças mimadas”, e que “uma criança mimada é uma criança estragada”. Nessa carta à Igreja de Filipos Paulo admite as adversidades como sendo parte da própria vida. São palavras suas: “sei o que é passar necessidade […]” (vs. 12). Mas também diz que aprendeu o segredo de viver contente em toda e qualquer situação. O segredo é Cristo, que lhe dá condições de suportar todas as coisas, a ter “autarquia”, que é a capacidade de administrar os sentimentos e emoções, e a ter equilíbrio na fé a despeito das lutas. É esse o poder que temos em Cristo: o poder de prevalecer diante das provas da vida.
Mesmo estando em Cristo, não estamos imunes às lutas da vida, mas nEle podemos todas as coisas!
Filipenses 4.10-20
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (v.13).
Esse versículo exposto acima deve ser entendido à luz dos anteriores, para não corresmos o risco de termos uma visão de nós mesmos ou do evangelho incompatível com o que a Bíblia quer dizer. Ele não diz que, em Cristo, temos poder para fazer qualquer coisa, como, por exemplo, ser aprovados em um exame sem prepararmo-nos adequadamente. Não é esse tipo de coisa que Paulo diz que podemos em Cristo. Para essas coisas precisamos dar o melhor no preparo e no espírito de luta. No texto, Paulo está se referindo às provações e privações. É uma referência ao poder que lhe dá condições de suportar adversidades.
Há quem pregue que, estando em Cristo, estamos imunes às dores da vida, como se Deus fosse um Pai superprotetor, pronto a nos livar de toda adversidade, por menor que seja. Essa teologia carece de respaldo bíblico e não pode resistir a um exame sério do texto sagrado. Stanley Jones diz que “Deus não nos trata como crianças mimadas”, e que “uma criança mimada é uma criança estragada”. Nessa carta à Igreja de Filipos Paulo admite as adversidades como sendo parte da própria vida. São palavras suas: “sei o que é passar necessidade […]” (vs. 12). Mas também diz que aprendeu o segredo de viver contente em toda e qualquer situação. O segredo é Cristo, que lhe dá condições de suportar todas as coisas, a ter “autarquia”, que é a capacidade de administrar os sentimentos e emoções, e a ter equilíbrio na fé a despeito das lutas. É esse o poder que temos em Cristo: o poder de prevalecer diante das provas da vida.
Mesmo estando em Cristo, não estamos imunes às lutas da vida, mas nEle podemos todas as coisas!
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
O Privilégio de Ser Membro da Família de Deus
Por: Jease Costa
Efésios 2.11-22
“Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem forasteiros, antes sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (v.19).
Quando o apóstolo Paulo escreveu sua carta às igrejas da região de Éfeso, na Ásia Menor, ainda existia um preconceito muito forte da parte dos judeus para com os povos gentios, isto é, os que não eram judeus. Isso, por certo, trouxe muitos prejuízos para a igreja cristã como um todo, uma vez que, mesmo sob a instrução dos ensinamentos de Jesus, havia discriminação no contexto da igreja. Os cristãos judeus ainda se sentiam superiores aos gentios. Paulo também trata desse problema em sua carta à igreja de Roma, e esse também foi o motivo de seu entreveiro com o apóstolo Pedro. Ciente, então, desse problema no seio das igrejas, Paulo instrui os irmãos a respeito do fato de que os que estão em Cristo entram em uma nova comunidade com novas bases, onde todos os elementos que antes separavam as pessoas deveriam ser demolidos pela obra acabada de Jesus na cruz.
Infelizmente, mesmo na igreja contemporânea, ainda é possível ver o preconceito e a discriminação entre os irmãos de fé. Nosso problema, hoje, não é mais entre judeus e gentios, mas nós levantamos outras barreiras, outros muros, que nos separam uns dos outros. Se por um lado “estrangeiros” e “forasteiros” são metáforas do que é de frora, “concidadãos” e “membros da família de Deus” são metáforas que dizem que, agora, ao estar em Cristo, ninguém é de fora, não há estranhos, todos são irmãos e herdeiros do mesmo Pai. Na igreja de Cristo não há distinção entre raças, nível cultural, intelectual e econômico, ou quaisquer outros elementos que nos possam afastar uns dos outros. O que vale, a partir de agora, é a fé. Na obra de Cristo foi feita a paz.
Efésios 2.11-22
“Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem forasteiros, antes sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (v.19).
Quando o apóstolo Paulo escreveu sua carta às igrejas da região de Éfeso, na Ásia Menor, ainda existia um preconceito muito forte da parte dos judeus para com os povos gentios, isto é, os que não eram judeus. Isso, por certo, trouxe muitos prejuízos para a igreja cristã como um todo, uma vez que, mesmo sob a instrução dos ensinamentos de Jesus, havia discriminação no contexto da igreja. Os cristãos judeus ainda se sentiam superiores aos gentios. Paulo também trata desse problema em sua carta à igreja de Roma, e esse também foi o motivo de seu entreveiro com o apóstolo Pedro. Ciente, então, desse problema no seio das igrejas, Paulo instrui os irmãos a respeito do fato de que os que estão em Cristo entram em uma nova comunidade com novas bases, onde todos os elementos que antes separavam as pessoas deveriam ser demolidos pela obra acabada de Jesus na cruz.
Infelizmente, mesmo na igreja contemporânea, ainda é possível ver o preconceito e a discriminação entre os irmãos de fé. Nosso problema, hoje, não é mais entre judeus e gentios, mas nós levantamos outras barreiras, outros muros, que nos separam uns dos outros. Se por um lado “estrangeiros” e “forasteiros” são metáforas do que é de frora, “concidadãos” e “membros da família de Deus” são metáforas que dizem que, agora, ao estar em Cristo, ninguém é de fora, não há estranhos, todos são irmãos e herdeiros do mesmo Pai. Na igreja de Cristo não há distinção entre raças, nível cultural, intelectual e econômico, ou quaisquer outros elementos que nos possam afastar uns dos outros. O que vale, a partir de agora, é a fé. Na obra de Cristo foi feita a paz.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
O Coração Corrupto de Um Rei
Por: Jease Costa
2 Reis 16.1-9
“E tomou Acaz a prata e o ouro que se achou na casa do Senhor e nos tesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da Assíria” (v.8).
Acaz, rei de Judá, estava em situação difícil, pois estava numa tremenda pressão internacional. Por um lado, os assírios avançavam para controlar o Crescente Fértil, e, por outro, os reis da Síria e de Israel queriam submetê-lo à força para que pudessem se unir contra a Assíria. Nos momentos de crise é que o verdadeiro caráter de um líder se revela. É verdade que Acaz já havia mostrado sua inclinação para o mal, ao contrário de seu pai, Jotão, que anuiu à vontade do Senhor. Entretanto, nesse episódio ele teve a chance de reverter o quadro de sua vida, pois Deus enviou o profeta Isaías para lhe instruir a manter sua fé nEle. Mas Acaz rejeitou deliberadamente a palavra do profeta dizendo que não pediria nenhum sinal do Senhor, e preferiu se vender ao rei da Assíria para escapar da sua dificuldade. E aí suas atitudes, que já eram desprezíveis, chegando até mesmo a sacrificar seu filho a ídolos, se tornam cada vez mais inadequadas. Nesse caso do versículo exposto, ele chegou ao ponto de profanar o sagrado usando a prata e o ouro do templo como moeda de compra do favor da Assíria.
A corrupção de Acaz se caracterizou por um aspecto: sua rejeição à instrução divina. Quando um homem vira as costas à luz, se depara com sua própria sombra. Essa foi a marca de Acaz: seu desprezo à Palavra do Senhor. Isso contaminou seu coração, sua vida e sua história. A história mostra que Acaz teve um governo próspero, apesar dos pesados tributos pagos à Assíria. Entretanto, o que fica para nós é que o progresso conquistado longe de Deus define nosso maior fracasso. A maior conquista da vida se revela na sujeição do coração ao Senhor.
2 Reis 16.1-9
“E tomou Acaz a prata e o ouro que se achou na casa do Senhor e nos tesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da Assíria” (v.8).
Acaz, rei de Judá, estava em situação difícil, pois estava numa tremenda pressão internacional. Por um lado, os assírios avançavam para controlar o Crescente Fértil, e, por outro, os reis da Síria e de Israel queriam submetê-lo à força para que pudessem se unir contra a Assíria. Nos momentos de crise é que o verdadeiro caráter de um líder se revela. É verdade que Acaz já havia mostrado sua inclinação para o mal, ao contrário de seu pai, Jotão, que anuiu à vontade do Senhor. Entretanto, nesse episódio ele teve a chance de reverter o quadro de sua vida, pois Deus enviou o profeta Isaías para lhe instruir a manter sua fé nEle. Mas Acaz rejeitou deliberadamente a palavra do profeta dizendo que não pediria nenhum sinal do Senhor, e preferiu se vender ao rei da Assíria para escapar da sua dificuldade. E aí suas atitudes, que já eram desprezíveis, chegando até mesmo a sacrificar seu filho a ídolos, se tornam cada vez mais inadequadas. Nesse caso do versículo exposto, ele chegou ao ponto de profanar o sagrado usando a prata e o ouro do templo como moeda de compra do favor da Assíria.
A corrupção de Acaz se caracterizou por um aspecto: sua rejeição à instrução divina. Quando um homem vira as costas à luz, se depara com sua própria sombra. Essa foi a marca de Acaz: seu desprezo à Palavra do Senhor. Isso contaminou seu coração, sua vida e sua história. A história mostra que Acaz teve um governo próspero, apesar dos pesados tributos pagos à Assíria. Entretanto, o que fica para nós é que o progresso conquistado longe de Deus define nosso maior fracasso. A maior conquista da vida se revela na sujeição do coração ao Senhor.
sábado, 30 de outubro de 2010
QUANDO PENSAR EM MIM É MELHOR DO QUE PENSAR NO OUTRO
Por: Jease Costa
Em face da realidade de um mundo altamente egocentrista, o que tem minado as relações interpessoais e sociais e comprometido o caráter até mesmo de muitos cristãos, geralmente nosso discurso tem caminhado na direção em que se procura levar as pessoas a serem mais solidárias e a procurarem enxergar o mundo além de si mesmas e de suas necessidades pessoais, considerando o outro, suas carências e dores. Realmente o mundo seria melhor se, à semelhança de Cristo, tivéssemos os olhos mais voltados para nossos semelhantes. Entretanto, há momentos em que, para que haja progresso, nossa visão deve volta-se para nós mesmos. Pensando na igreja, por exemplo, e em seu ministério, para que seja bem sucedida é necessário que cada um pense na responsabilidade como sendo pessoal. É comum, ao percebermos que algo não está bem, culparmos os outros. Ora o líder do evangelismo não tem dinamismo, ora o professor da EBD não é bem preparado, ora o diretor do patrimônio não é bom administrador, ora o pastor é fraco e não tem condições de conduzir o rebanho. Parece que são sempre os outros os culpados, como se nós não fizéssemos parte do grupo.
A igreja de Jesus é uma comunidade participativa, onde todos têm sua parcela de responsabilidade para que haja progresso e sucesso no cumprimento da sua missão. Ao invés de procurar culpados pelas as falhas, cada um deveria colocar-se a si mesmo com instrumento de mudança da realidade e apresentar-se como canal de bênçãos para o Reino. Ao invés de dizer o que os outros deveriam estar fazendo, cada um deveria procurar descobrir o que pessoalmente poderia fazer para que a igreja seja melhor, mais forte, mais atraente.
Quando Neemias teve notícias a respeito da situação de Jerusalém não ficou perdendo tempo procurando os culpados pela situação deprimente da Cidade Santa. Mas, ao contrário, apresentou-se diante de Deus e do rei como o meio pelo qual a situação poderia ser mudada. Precisamos de mais Neemias e de menos Sambalates em nosso meio. Sambalate foi aquele que, ao saber que os judeus estavam empenhados na reconstrução dos muros, irou-se e escarneceu deles. Há Sambalates de mais e Neemias de menos. Há muitos irados e escarnecedores em nossas igrejas. Desses não precisamos; o Reino não precisa; a vida não precisa; Deus não precisa.
Outro texto bíblico importante que vale lembrar é o registrado na carta aos Hebreus (Cap. 11 e 12), onde o autor mostra alguns aspectos práticos da fé. Depois de listar uma grande nuvem de testemunhas que atestaram a validade da fé, apresenta como primeiro desses aspectos práticos a necessidade de os cristãos “abandonarem o peso”. É importante anotar que a fé não é algo que apenas se compreende, mas, fundamentalmente, que se pratica. Fé não é uma disposição mental ou intelectual, mas uma disposição de vida. O crente não apenas tem fé, mas “pratica” a fé. E uma forma de praticá-la é abandonando o peso. Naquele caso, o “peso” não é o pecado, pois deste o autor aborda logo em seguida. O peso é tudo o que atrapalha o alcance do alvo da missão da igreja. Nesse sentido, não creio que seja inadequado entender a inclinação excessivamente crítica e a indisposição pessoal para uma contribuição positiva no contexto do Reino como sendo um peso que impede a caminhada de fé da igreja. Ou seja, quando nós apenas apontamos nos outros suas falhas e lhes apresentamos o que deveriam fazer para que o trabalho andasse melhor, sem nos colocarmos como instrumentos para um melhor desenvolvimento da obra, estamos assumindo uma condição de peso que atrapalha o Reino.
De fato, num mundo cada vez mais individualista e egocentrista é adequado e salutar termos olhos que enxerguem o outro, o próximo, suas necessidades. Entretanto, se esse olhar para o outro se traduz numa postura excessivamente crítica e num meio de nos eximirmos de nossas responsabilidades no contexto do cumprimento da missão do Reino, estamos canalizando a visão na direção errada. Nesse caso maior grandeza teríamos se olhássemos para nós mesmos. Há casos em que devemos olhar para o próximo, mas há outros que o melhor é olhar para nós mesmos.
De que forma você se apresenta diante da grande tarefa que nos cabe como membros do corpo de Cristo aqui na terra? Suas mãos estão postas nos remos ou você é apenas um peso a mais que atrapalha o percurso da embarcação?
Pense nisso.
Em face da realidade de um mundo altamente egocentrista, o que tem minado as relações interpessoais e sociais e comprometido o caráter até mesmo de muitos cristãos, geralmente nosso discurso tem caminhado na direção em que se procura levar as pessoas a serem mais solidárias e a procurarem enxergar o mundo além de si mesmas e de suas necessidades pessoais, considerando o outro, suas carências e dores. Realmente o mundo seria melhor se, à semelhança de Cristo, tivéssemos os olhos mais voltados para nossos semelhantes. Entretanto, há momentos em que, para que haja progresso, nossa visão deve volta-se para nós mesmos. Pensando na igreja, por exemplo, e em seu ministério, para que seja bem sucedida é necessário que cada um pense na responsabilidade como sendo pessoal. É comum, ao percebermos que algo não está bem, culparmos os outros. Ora o líder do evangelismo não tem dinamismo, ora o professor da EBD não é bem preparado, ora o diretor do patrimônio não é bom administrador, ora o pastor é fraco e não tem condições de conduzir o rebanho. Parece que são sempre os outros os culpados, como se nós não fizéssemos parte do grupo.
A igreja de Jesus é uma comunidade participativa, onde todos têm sua parcela de responsabilidade para que haja progresso e sucesso no cumprimento da sua missão. Ao invés de procurar culpados pelas as falhas, cada um deveria colocar-se a si mesmo com instrumento de mudança da realidade e apresentar-se como canal de bênçãos para o Reino. Ao invés de dizer o que os outros deveriam estar fazendo, cada um deveria procurar descobrir o que pessoalmente poderia fazer para que a igreja seja melhor, mais forte, mais atraente.
Quando Neemias teve notícias a respeito da situação de Jerusalém não ficou perdendo tempo procurando os culpados pela situação deprimente da Cidade Santa. Mas, ao contrário, apresentou-se diante de Deus e do rei como o meio pelo qual a situação poderia ser mudada. Precisamos de mais Neemias e de menos Sambalates em nosso meio. Sambalate foi aquele que, ao saber que os judeus estavam empenhados na reconstrução dos muros, irou-se e escarneceu deles. Há Sambalates de mais e Neemias de menos. Há muitos irados e escarnecedores em nossas igrejas. Desses não precisamos; o Reino não precisa; a vida não precisa; Deus não precisa.
Outro texto bíblico importante que vale lembrar é o registrado na carta aos Hebreus (Cap. 11 e 12), onde o autor mostra alguns aspectos práticos da fé. Depois de listar uma grande nuvem de testemunhas que atestaram a validade da fé, apresenta como primeiro desses aspectos práticos a necessidade de os cristãos “abandonarem o peso”. É importante anotar que a fé não é algo que apenas se compreende, mas, fundamentalmente, que se pratica. Fé não é uma disposição mental ou intelectual, mas uma disposição de vida. O crente não apenas tem fé, mas “pratica” a fé. E uma forma de praticá-la é abandonando o peso. Naquele caso, o “peso” não é o pecado, pois deste o autor aborda logo em seguida. O peso é tudo o que atrapalha o alcance do alvo da missão da igreja. Nesse sentido, não creio que seja inadequado entender a inclinação excessivamente crítica e a indisposição pessoal para uma contribuição positiva no contexto do Reino como sendo um peso que impede a caminhada de fé da igreja. Ou seja, quando nós apenas apontamos nos outros suas falhas e lhes apresentamos o que deveriam fazer para que o trabalho andasse melhor, sem nos colocarmos como instrumentos para um melhor desenvolvimento da obra, estamos assumindo uma condição de peso que atrapalha o Reino.
De fato, num mundo cada vez mais individualista e egocentrista é adequado e salutar termos olhos que enxerguem o outro, o próximo, suas necessidades. Entretanto, se esse olhar para o outro se traduz numa postura excessivamente crítica e num meio de nos eximirmos de nossas responsabilidades no contexto do cumprimento da missão do Reino, estamos canalizando a visão na direção errada. Nesse caso maior grandeza teríamos se olhássemos para nós mesmos. Há casos em que devemos olhar para o próximo, mas há outros que o melhor é olhar para nós mesmos.
De que forma você se apresenta diante da grande tarefa que nos cabe como membros do corpo de Cristo aqui na terra? Suas mãos estão postas nos remos ou você é apenas um peso a mais que atrapalha o percurso da embarcação?
Pense nisso.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Oração na Angústia
Por: Jease Costa
“Inclina, ó Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, ó Senhor, os teus olhos, e vê; e ouve as palavras de Senaqueribe, com as quais enviou seu mensageiro para afrontar o Deus vivo” ( 2 Reis 19.16).
A relação com Deus não diminui nossa humanidade. Assim, comete erro quem ensina que a vida de fé autêntica deverá nos livrar de todas as adversidades e angústias. Se isso fosse verdadeiro do ponto de vista da religiosidade bíblica, a fé não seria instrumento de acesso à vitória, mas de fuga. Entretanto, a fé autêntica não nos torna imunes às adversidades e angústias, mas, ao contrário, nos faz prevalecer sobre elas. Por elas passamos, mas não sucumbimos.
Esse acontecimento na vida de Ezequias, rei de Judá, e que o motivou a fazer a oração exposta no versículo acima, nos ensina que, do ponto de vista das circunstâncias, todos estamos sob as mesmas possibilidades. Tanto o rei Ezequias, servo do Senhor, quanto os outros reis pagãos passaram pela mesma ameaça de destruição por parte de Senaqueribe, rei da Assíria. Isso, inclusive, foi um dos argumentos usados por seus generais para intimidar Ezequias. Assim, crentes e descrentes estão sujeitos a toda sorte de adversidades. A vida é igual para todos. Qual o diferencial, então? O diferencial é a fé. Aquele que serve a Deus não está sozinho na hora da angústia, pois a Ele tem acesso através da oração. Aquele que não crê em Deus sucumbe, mas aquele que nEle crê e o busca, prevalece quando a angústia vem.
Se você está passando por tribulações, não se desanime e nem deixe sua fé esmorecer. Da mesma forma que Ezequias prevaleceu sobre a ameaça de domínio da Assíria como resposta à oração, você também vai prevalecer, pois o mesmo Deus que ouviu a Ezequias está ao seu lado pronto para ouvir, também, seu clamor. A posição de vitória inclui o dobrar dos joelhos.
“Inclina, ó Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, ó Senhor, os teus olhos, e vê; e ouve as palavras de Senaqueribe, com as quais enviou seu mensageiro para afrontar o Deus vivo” ( 2 Reis 19.16).
A relação com Deus não diminui nossa humanidade. Assim, comete erro quem ensina que a vida de fé autêntica deverá nos livrar de todas as adversidades e angústias. Se isso fosse verdadeiro do ponto de vista da religiosidade bíblica, a fé não seria instrumento de acesso à vitória, mas de fuga. Entretanto, a fé autêntica não nos torna imunes às adversidades e angústias, mas, ao contrário, nos faz prevalecer sobre elas. Por elas passamos, mas não sucumbimos.
Esse acontecimento na vida de Ezequias, rei de Judá, e que o motivou a fazer a oração exposta no versículo acima, nos ensina que, do ponto de vista das circunstâncias, todos estamos sob as mesmas possibilidades. Tanto o rei Ezequias, servo do Senhor, quanto os outros reis pagãos passaram pela mesma ameaça de destruição por parte de Senaqueribe, rei da Assíria. Isso, inclusive, foi um dos argumentos usados por seus generais para intimidar Ezequias. Assim, crentes e descrentes estão sujeitos a toda sorte de adversidades. A vida é igual para todos. Qual o diferencial, então? O diferencial é a fé. Aquele que serve a Deus não está sozinho na hora da angústia, pois a Ele tem acesso através da oração. Aquele que não crê em Deus sucumbe, mas aquele que nEle crê e o busca, prevalece quando a angústia vem.
Se você está passando por tribulações, não se desanime e nem deixe sua fé esmorecer. Da mesma forma que Ezequias prevaleceu sobre a ameaça de domínio da Assíria como resposta à oração, você também vai prevalecer, pois o mesmo Deus que ouviu a Ezequias está ao seu lado pronto para ouvir, também, seu clamor. A posição de vitória inclui o dobrar dos joelhos.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
A IGREJA DE QUALIDADES
Por: Jease Costa
A história registrada nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), e que algumas traduções intitulam como a história do “mancebo de qualidades”, deve nos levar a fazer uma reflexão séria a respeito do que de fato importa para Deus em nossa postura como igreja. É provável que, à semelhança do jovem rico da história, muitos de nós estejamos valorizando o que não é o mais importante para Deus. Talvez isso explique o porquê de a interferência da igreja ser tão tímida em seu contexto, e o seu brilho estar tão ofuscado num mundo que vive tão carente de luz.
Sempre que faço uma abordagem dos aspectos negativos da igreja e dos crentes em particular, me sinto no dever de admitir que de fato há muitas igrejas locais e muitos crentes que dignificam o evangelho de Jesus. Entretanto, não há como negar que nossa geração de crentes não é a melhor das gerações. Estamos realmente carentes de uma releitura séria a respeito de nossa postura como filhos de Deus e de nossa visão do que seja um evangelho autêntico, sadio e que tenha condições de reproduzir a vida de Jesus.
Na postura do jevem rico e de qualidades de que trata os evangelhos, é possível identificar os mesmos elementos da prática de fé que muitos de nós valorizamos, mas que não é o que mais importa para Deus. Não que esses elementos não sejam imbuídos de valor em seus devidos lugares, mas que neles não se encerra a essência da verdadeira religiosidade bíblica.
O texto de Marcos 10.17 afirma que o jovem “correu ao encontro de Jesus e se pôs de joelhos”. Colocar-se de joelhos diante de Jesus é um ritual adequado diante do reconhecimento de que ele é, de fato, o Senhor. Mesmo que aquele jovem não tivesse essa mesma noção que nós temos de Jesus como Senhor, é fato que ele o reconhecia como alguém digno de reverência. Ele se prostrou diante de Jesus. Nós, da mesma forma, também temos nossos rituais religiosos, nossas tradições ritualísticas que expressam reverência diante da soberania de Deus. Também nos ajoelhamos para orar. Além disso, instruímos os membros de nossas igrejas a que tenham atitude de reverência durante os momentos de celebração nos cultos, pois, além de todos os outros motivos, devemos ter respeito pela pessoa de Deus, que é o motivo do culto. É bem verdade que essa noção de reverência diante de Deus hoje não faz muito sentido em alguns segmentos ditos evangélicos que têm surgido por aí. Entretanto, todos temos um certo ritual, uma certa atitude de reverência diante da noção da soberania de Deus.
Marcos também diz que o jovem, ao ajoelhar-se diante de Jesus, faz um discurso se utilizando de palavras adequadas. Ele diz: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Veja bem, além de uma postura ritualística adequada, aquele jovem também tinha uma linguagem adequada. Porém, a resposta de Jesus, além de mostrar que seu propósito era revelar o Pai, mostra também que ele não se impressionou com aquela linguagem elevada. Nós também temos uma linguagem apropriada em nossas expressões religiosas. Não temos apenas tradições e ritos. Também temos linguagem adeqauada, nossos jargões evangélicos, nossas frases de efeito espirituais. Isso não é errado, mas também não impressiona a Jesus.
Depois, então, a cartada final do jovem de qualidades. Se Jesus não se impressionou com sua prática ritualística e com suas palavras de elevado padrão espiritual, certamente se impressionaria com sua prática religiosa. Ao responder a instrução de Jesus quanto ao cumprimento da Lei, ele diz prontamente: “Mestre, a tudo isso tenho obedecido desde a minha adolescência” (Mc. 10.20). Assim, ele aparentava um religioso perfeito. Tinha tudo o que se julgava necessário para uma religiosidade considerada adequada: tradições e rituais religiosos, linguagem religiosa e atitudes religiosas. Porém, a palavra de Jesus surpreendentemente foi: “Falta-lhe uma coisa”. Isso soa estranho, não é mesmo? Pois o que mais poderia faltar? Porém para Jesus não bastam rituais, linguajar e atitudes religiosas adequadas se não forem acompanhados por um amor profundo por ele mesmo e pelos semelhantes.
É impressionante como sobram rituais religiosos, linguagens religiosas e até mesmo práticas doutrinárias religiosas, mas falta tanto amor por Jesus. Um amor por ele a ponto de tudo o mais vir a ser considerado como refugo, e a ponto de também, se necessário, abrirmos mão do que temos ou até de nós mesmos em benefício do semelhante. Falta amor por Jesus e pelo próximo. Cristo não é amado e os necessitados continuam necessitados. Há muitas igrejas tão ricas em termos de tradições e posturas, mas tão pobres em amor. À semelhança do jovem de qualidades, nós também temos muitas qualidades, mas igualmente ainda nos falta uma coisa. É possível que estejamos direcionando o foco no que não é mais importante. Às vezes achamos que estamos impressionando a Jesus, mas ele insiste em nos dizer que ainda nos falta uma coisa. Somos muito apegados a nós mesmos e ao que temos. Há igrejas que se orgulham de seu patrimônio, da exubarância de seu prédio, e do elevado volume de dinheiro arrecadado com os dízimos e ofertas. E muitas das que não têm todos esses recursos encerram em tê-los a razão de sua luta e trabalho. Aí cresce o orgulho, a insensibilidade para com as necassidades alheias e até mesmo se perde a visão da presença de Jesus. Nesse caso, de nada adianta para Deus as tradições, o discurso elevado e o rigor na prática de doutrinas e leis. Ainda continuará faltando-nos uma coisa.
Acho que é hora de avaliarmos o que somos e o que pede de fato o evangelho de Jesus, para depois fazermos uma decisão sincera a respeito de que tipo de igreja queremos ser. Ou uma igreja que ama incondicionalmente a Jesus e espalha esse amor pela humanidade, ou apenas uma igreja cheia de qualidades. Que Deus nos dê a graça de que quando entrarmos em sua presença jamais venhamos ouvi-lo dizer: “ainda te falta uma coisa”.
A história registrada nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), e que algumas traduções intitulam como a história do “mancebo de qualidades”, deve nos levar a fazer uma reflexão séria a respeito do que de fato importa para Deus em nossa postura como igreja. É provável que, à semelhança do jovem rico da história, muitos de nós estejamos valorizando o que não é o mais importante para Deus. Talvez isso explique o porquê de a interferência da igreja ser tão tímida em seu contexto, e o seu brilho estar tão ofuscado num mundo que vive tão carente de luz.
Sempre que faço uma abordagem dos aspectos negativos da igreja e dos crentes em particular, me sinto no dever de admitir que de fato há muitas igrejas locais e muitos crentes que dignificam o evangelho de Jesus. Entretanto, não há como negar que nossa geração de crentes não é a melhor das gerações. Estamos realmente carentes de uma releitura séria a respeito de nossa postura como filhos de Deus e de nossa visão do que seja um evangelho autêntico, sadio e que tenha condições de reproduzir a vida de Jesus.
Na postura do jevem rico e de qualidades de que trata os evangelhos, é possível identificar os mesmos elementos da prática de fé que muitos de nós valorizamos, mas que não é o que mais importa para Deus. Não que esses elementos não sejam imbuídos de valor em seus devidos lugares, mas que neles não se encerra a essência da verdadeira religiosidade bíblica.
O texto de Marcos 10.17 afirma que o jovem “correu ao encontro de Jesus e se pôs de joelhos”. Colocar-se de joelhos diante de Jesus é um ritual adequado diante do reconhecimento de que ele é, de fato, o Senhor. Mesmo que aquele jovem não tivesse essa mesma noção que nós temos de Jesus como Senhor, é fato que ele o reconhecia como alguém digno de reverência. Ele se prostrou diante de Jesus. Nós, da mesma forma, também temos nossos rituais religiosos, nossas tradições ritualísticas que expressam reverência diante da soberania de Deus. Também nos ajoelhamos para orar. Além disso, instruímos os membros de nossas igrejas a que tenham atitude de reverência durante os momentos de celebração nos cultos, pois, além de todos os outros motivos, devemos ter respeito pela pessoa de Deus, que é o motivo do culto. É bem verdade que essa noção de reverência diante de Deus hoje não faz muito sentido em alguns segmentos ditos evangélicos que têm surgido por aí. Entretanto, todos temos um certo ritual, uma certa atitude de reverência diante da noção da soberania de Deus.
Marcos também diz que o jovem, ao ajoelhar-se diante de Jesus, faz um discurso se utilizando de palavras adequadas. Ele diz: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Veja bem, além de uma postura ritualística adequada, aquele jovem também tinha uma linguagem adequada. Porém, a resposta de Jesus, além de mostrar que seu propósito era revelar o Pai, mostra também que ele não se impressionou com aquela linguagem elevada. Nós também temos uma linguagem apropriada em nossas expressões religiosas. Não temos apenas tradições e ritos. Também temos linguagem adeqauada, nossos jargões evangélicos, nossas frases de efeito espirituais. Isso não é errado, mas também não impressiona a Jesus.
Depois, então, a cartada final do jovem de qualidades. Se Jesus não se impressionou com sua prática ritualística e com suas palavras de elevado padrão espiritual, certamente se impressionaria com sua prática religiosa. Ao responder a instrução de Jesus quanto ao cumprimento da Lei, ele diz prontamente: “Mestre, a tudo isso tenho obedecido desde a minha adolescência” (Mc. 10.20). Assim, ele aparentava um religioso perfeito. Tinha tudo o que se julgava necessário para uma religiosidade considerada adequada: tradições e rituais religiosos, linguagem religiosa e atitudes religiosas. Porém, a palavra de Jesus surpreendentemente foi: “Falta-lhe uma coisa”. Isso soa estranho, não é mesmo? Pois o que mais poderia faltar? Porém para Jesus não bastam rituais, linguajar e atitudes religiosas adequadas se não forem acompanhados por um amor profundo por ele mesmo e pelos semelhantes.
É impressionante como sobram rituais religiosos, linguagens religiosas e até mesmo práticas doutrinárias religiosas, mas falta tanto amor por Jesus. Um amor por ele a ponto de tudo o mais vir a ser considerado como refugo, e a ponto de também, se necessário, abrirmos mão do que temos ou até de nós mesmos em benefício do semelhante. Falta amor por Jesus e pelo próximo. Cristo não é amado e os necessitados continuam necessitados. Há muitas igrejas tão ricas em termos de tradições e posturas, mas tão pobres em amor. À semelhança do jovem de qualidades, nós também temos muitas qualidades, mas igualmente ainda nos falta uma coisa. É possível que estejamos direcionando o foco no que não é mais importante. Às vezes achamos que estamos impressionando a Jesus, mas ele insiste em nos dizer que ainda nos falta uma coisa. Somos muito apegados a nós mesmos e ao que temos. Há igrejas que se orgulham de seu patrimônio, da exubarância de seu prédio, e do elevado volume de dinheiro arrecadado com os dízimos e ofertas. E muitas das que não têm todos esses recursos encerram em tê-los a razão de sua luta e trabalho. Aí cresce o orgulho, a insensibilidade para com as necassidades alheias e até mesmo se perde a visão da presença de Jesus. Nesse caso, de nada adianta para Deus as tradições, o discurso elevado e o rigor na prática de doutrinas e leis. Ainda continuará faltando-nos uma coisa.
Acho que é hora de avaliarmos o que somos e o que pede de fato o evangelho de Jesus, para depois fazermos uma decisão sincera a respeito de que tipo de igreja queremos ser. Ou uma igreja que ama incondicionalmente a Jesus e espalha esse amor pela humanidade, ou apenas uma igreja cheia de qualidades. Que Deus nos dê a graça de que quando entrarmos em sua presença jamais venhamos ouvi-lo dizer: “ainda te falta uma coisa”.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
SOLIDÃO PÓS-MODERNA
por: Rubem Martins Amorese
O Século XXI é mutante. Isso não chega a ser novidade, se pensarmos que o homem sempre esteve, digamos, evoluindo. A ciência e a tecnologia estão aí, dando saltos imensos, em frentes que vão da microbiologia e seus transgênicos à busca do deslindamento da história do universo, através das lentes de poderosos telescópios.
Somos mutantes, no entanto, no sentido de que nossa humanidade se perde nessas mudanças. Elas são em número e velocidade acima de nossa capacidade de absorção. Alienação passa a ser um antiácido a ser ingerido juntamente com a salada de frutas de informação que temos que deglutir todo dia.
Nossa desumanização começa, por exemplo, quando abrimos mão da casa paterna para tentar a vida em uma outra cidade ou país — e nunca mais voltamos. Nossos pais ficam sem netos e nossos filhos sem avós e tios. E nossa história, nossos valores, ideais, referenciais e heróis; nosso patrimônio simbólico, enfim, se perde na distância.
Longe da família e da igreja de origem, buscamos formar uma nova família. Uma família plasmada na correria da vida, na superficialidade, na sensualidade e na urgência oriunda de uma crescente carência afetiva. Tentamos reter na memória a nossa velha humanidade, mas já não nos sentimos à vontade abrindo o coração, falando do mundo interior, de sonhos, de ideais, de projetos de vida que, eventualmente, possam ser vividos a dois. "Ficamos" até onde for possível.
No ambiente de trabalho, as relações são cordiais o suficiente para esconder a luta encarniçada estabelecida pela competição: somente os mais adaptados sobrevivem. Os encontros, festas, almoços e jantares de negócio são o que resta dos laços cálidos e duradouros dos companheiros da infância.
Para sobreviver nesse ambiente hostil e exigente, pai e mãe precisam trabalhar. Para serem alguém, algo mais que simples "mão-de-obra", precisam de toda a energia disponível para tocar uma carreira de sucesso. Precisam vencer na vida. E essa vitória não comporta filhos. Pelo menos não do jeito antigo: filhos para serem amados em um convívio extenso e intenso. Agora eles são "curtidos" nos finais de semana em que não estejamos viajando a serviço. Durante a semana, terão uma boa educação numa creche ou numa escola de tempo integral. Desmamados cedo, eles aprendem a ser independentes.
Quando o divórcio vem (a carreira pode exigir), eles passam a viver ora com o pai, ora com a mãe — e com seus meio-irmãos, oriundos do novo casamento do pai e da mãe.
Não tenhamos pena desses nossos filhos. Eles se adaptarão. Sobreviverão e serão parecidos conosco. Não, serão melhores. Serão mais fortes e resistentes às distâncias, indiferenças e separações. Serão adaptados a um mundo onde não se olha para dentro, para a alma; aprenderão a ligar a televisão para não ouvir o silêncio; aprenderão a se ligar às pessoas sem chegar perto; aprenderão a confiar desconfiando e a não esperar misericórdia; aprenderão a fazer amor sem amar; aprenderão a viver no Século XXI. São mutantes.
Alguns deles, um dia, numa praça, numa esquina, ouvirão dizer que "Cristo salva". E pensarão: "não estou morrendo". Outros, no entanto, compreenderão que nEle lhes é possível uma nova e antiga humanidade — a humanidade original, na qual o colo do pai, da mãe, de tios e avós lhes é restaurado no mistério da igreja; no milagre da regeneração de seu próprio interior. Salvação. Nossos filhos mutantes, perdidos e órfãos ouvirão: "assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus" (Ef 2, 19)— e crerão.
O Século XXI é mutante. Isso não chega a ser novidade, se pensarmos que o homem sempre esteve, digamos, evoluindo. A ciência e a tecnologia estão aí, dando saltos imensos, em frentes que vão da microbiologia e seus transgênicos à busca do deslindamento da história do universo, através das lentes de poderosos telescópios.
Somos mutantes, no entanto, no sentido de que nossa humanidade se perde nessas mudanças. Elas são em número e velocidade acima de nossa capacidade de absorção. Alienação passa a ser um antiácido a ser ingerido juntamente com a salada de frutas de informação que temos que deglutir todo dia.
Nossa desumanização começa, por exemplo, quando abrimos mão da casa paterna para tentar a vida em uma outra cidade ou país — e nunca mais voltamos. Nossos pais ficam sem netos e nossos filhos sem avós e tios. E nossa história, nossos valores, ideais, referenciais e heróis; nosso patrimônio simbólico, enfim, se perde na distância.
Longe da família e da igreja de origem, buscamos formar uma nova família. Uma família plasmada na correria da vida, na superficialidade, na sensualidade e na urgência oriunda de uma crescente carência afetiva. Tentamos reter na memória a nossa velha humanidade, mas já não nos sentimos à vontade abrindo o coração, falando do mundo interior, de sonhos, de ideais, de projetos de vida que, eventualmente, possam ser vividos a dois. "Ficamos" até onde for possível.
No ambiente de trabalho, as relações são cordiais o suficiente para esconder a luta encarniçada estabelecida pela competição: somente os mais adaptados sobrevivem. Os encontros, festas, almoços e jantares de negócio são o que resta dos laços cálidos e duradouros dos companheiros da infância.
Para sobreviver nesse ambiente hostil e exigente, pai e mãe precisam trabalhar. Para serem alguém, algo mais que simples "mão-de-obra", precisam de toda a energia disponível para tocar uma carreira de sucesso. Precisam vencer na vida. E essa vitória não comporta filhos. Pelo menos não do jeito antigo: filhos para serem amados em um convívio extenso e intenso. Agora eles são "curtidos" nos finais de semana em que não estejamos viajando a serviço. Durante a semana, terão uma boa educação numa creche ou numa escola de tempo integral. Desmamados cedo, eles aprendem a ser independentes.
Quando o divórcio vem (a carreira pode exigir), eles passam a viver ora com o pai, ora com a mãe — e com seus meio-irmãos, oriundos do novo casamento do pai e da mãe.
Não tenhamos pena desses nossos filhos. Eles se adaptarão. Sobreviverão e serão parecidos conosco. Não, serão melhores. Serão mais fortes e resistentes às distâncias, indiferenças e separações. Serão adaptados a um mundo onde não se olha para dentro, para a alma; aprenderão a ligar a televisão para não ouvir o silêncio; aprenderão a se ligar às pessoas sem chegar perto; aprenderão a confiar desconfiando e a não esperar misericórdia; aprenderão a fazer amor sem amar; aprenderão a viver no Século XXI. São mutantes.
Alguns deles, um dia, numa praça, numa esquina, ouvirão dizer que "Cristo salva". E pensarão: "não estou morrendo". Outros, no entanto, compreenderão que nEle lhes é possível uma nova e antiga humanidade — a humanidade original, na qual o colo do pai, da mãe, de tios e avós lhes é restaurado no mistério da igreja; no milagre da regeneração de seu próprio interior. Salvação. Nossos filhos mutantes, perdidos e órfãos ouvirão: "assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus" (Ef 2, 19)— e crerão.
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